2/24/2005

Farpas Verdes CLXXV

A autarquia de Lisboa e a sua Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) continuam o «bom» serviço na defesa dum certo urbanismo na capital portuguesa que, como se tem visto, tão tristes resultados tem dado. Surge agora mais uma «cereja» em cima do «bolo»: a construção da sede da EPUL e da Ambelis na Praça de Entrecampos, um edifício de 51 metros de altura em forma de obselisco, que terá assim uma dimensão cerca do dobro do habitual. A vereadora do urbanismo da autarquia, Eduarda Napoleão, diz no Público que aquela altura «pode ser permitida, em termos de licenciamento, desde que o edifício seja uma mais-valia arquitectónica e urbanística».

Continuo sem compreender quais são os critérios para se considerar um edifício de 51 metros de altura como uma mais-valia arquitectónica e urbanística. Não vejo que o sejo do ponto de vista arquitectónico e muito mais urbanístico. A menos que mamarrachos, vestidos de formas esquisitas sejam mais-valias. Não vi o projecto, mas com formas estranhas e esotéricas sob a forma de obeliscos, certamente que deve ficar uma linda coisa, bem integrado na malha urbana de um país mediterrânico (já agora sugiro o nome de Edifício Obelix e podem convidar para a inauguração o Gerard Depardieu).

Apenas vejo uma mais-valia economicista, porque, na verdade, a dimensão da EPUL e da Ambelis - esta é uma das mais estranhas empresas de capitais semipúblicos que existe no país, com um dos objectos sociais mais estranhos e intangíveis que conheço e sem mais-valias que se vejam - não justifica um edifício daquelas dimensões. Claro está que construindo um prédio de cerca de 25 andares, haverá muitos pisos que serão vendidos e, portanto, por aqui se vê quais são as mais-valias de que estamos a falar. Quando o dinheiro é o objectivo principal de fazer cidade estamos conversados.

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