2/12/2006

Floresta VIII

Estive a analisar, em detalhe, em termos de área ardida desde 1981, o top 10 anual dos municípios . Pois bem, os concelhos com maior número de vezes em que foram um dos 10 piores do ano são: Guarda e Sabugal (16 vezes), Seia e Pampilhosa da Serra (9), Covilhã (8), Gouveia (6), Abrantes, Almeida, Arganil, Castelo Branco, Fundão, Oleiros, Trancoso e Vila Pouca de Aguiar (5). Há mais cinco municípios com 4 presenças, 10 com 3 presenças e 24 com 2 presenças. Em suma, quando arde muito em grande parte dos concelhos do país, não há surpresa alguma. No livro depois apresentarei e analisarei outros aspectos relacionados com isto.

2/10/2006

Farpas Verdes CDL

Reparei que há cerca de uma semana, o economista António Borges - uma «reserva política» do PSD e com fortes ligações aos grupos empresariais interessados no negócio do saneamento básico - escreveu um artigo de opinião no Diário Económico contra a decisão do Ministério do Ambiente em não privatizar o sector das águas. Diz ele que esta é uma «decisão com um carácter claramente ideológico. Não há nenhuma razão válida para que não se possa recorrer à iniciativa privada no sector da água. E a persistência das soluções estatizadas trará seguramente muito menor eficiência e portanto custos mais elevados e menos qualidade de serviço para os consumidores».

Já tive oportunidade de defender a minha posição sobre esta matéria. Em traços gerais, considero ser um erro estratégica privatizar em alta (captação e adução) os sistemas de abastecimento de água. Isto não significa que seja a favor do actualquadro organizativo daÁguas de Portugal - uma holding mastodóntica com demasiadas ramificações que, ao invés de criar sinergias, acaba por ser ineficiente. No entanto, não me oponho, por princípio, à concessão pelas autarquia dos sistemas em baixa (distribuição), embora considere que, em teoria, não haja vantagens relevantes: uma entidade pública pode ser tão ou mais eficiente do que uma empresa privada. Em todo o caso, como a municipalização da água implica, quase sempre, uma politização de preços - e, portanto, de abaixamento da qualidade do serviço -, os privados podem ter maisor facilidade em impor uma gestão economicamente sustentável.

Mas, voltando, à privatização em alta: a minha oposição reside em dois aspectos fundamentais. Por um lado, a água é um sector que deve estar dependente exclusivamente dos interesses públicos; é uma posição ideológica, mas que a prazo tem sempre vantagens económicas e sociais para o país. Por outro lado - e mais importante -, detendo o Estado um sector que, em termos regionais, tem especificidades muito distintas, torna-se conveniente uma gestão em conjunto. Ou seja, se o sector da água no litoral é potencialmente lucrativo, as zonas do interior já não o são, devido aos elevados investimentos necessários. Por isso, se o Estado pretende, como se espera, que as populações do interior tenham água com qualidade sem ser a preços proibitivos - em vez de água barata mas de péssima qualidade -, necessita de deter outros sistemas lucrativos. Caso contrário, encaixa dinheiro no curto prazo, mas não terá depois capacidade para investir e gerir nas zonas necessitadas.

Contudo, tenho a perfeita consciência que, mais ano menos ano, a privatização irá acontecer. E dependerá das circunstancialismos (o Estado, leia-se Governo, a necessitar de dinheiro) ou do sucesso dos lobbies, como os dinamizados por António Borges. Espero apenas que, nessa altura, todo o país tenha sistemas de abastecimento em qualidade. Se assim não for, jamais os terá.

2/06/2006

Floresta VII

Ainda não tive oportunidade de colocar o gráfico prometido no post anterior. Em compensação, revelo aqui uma parte da estimativa que estive a elaborar sobre a taxa de arborização a nível distrital em 2005, no rescaldo dos incêndios.

Pois bem, os casos mais graves de evolução são os de Faro, Guarda e Viana do Castelo. Para aguçar, saibam que o Algarve tinha uma taxa de arborização de 20% em 1995; ora, estimo (depois, no livro, revelarei quais foram os pressupostos) que em 2005 a taxa de arborização terá descido para um valor entre 6% e 9%. Está próximo do deserto, portanto.

Por outro lado, o número de distritos com uma taxa de arborização em 2005 inferior a 1/3 do seu território é de 12 a 14 (máximo e mínimo em função dos pressupostos adoptados). Em 1995 existiam apenas sete distritos com menos de 1/3 do seu território ocupado por floresta, de acordo com o (oficial) último Inventário Florestal Nacional.

Nota: Esta é apenas uma primeira aproximação, pois espero ainda «depurar» mais a estimativa, quando obtiver as áreas ardidas desde 2001 por povoamento florestal.

2/02/2006

Floresta VI

Pois é, afinal parece que em 2005 não arderam apenas 298 mil hectares (valores apresentados em Outubro), mas sim 325 mil hectares. É apenas um erro de 9%, mas também quem se importa, num país que está a carbonizar?

P.S. Amanhã, tentarei colocar aqui um gráfico que mostra a evolução da área ardida nos países mediterrânicos europeus, mas padronizado à área do território português, pois permite confrontar a situação nacional com a dos outros países.