4/28/2008

A multa mais estúpida do Mundo

Eu não sigo o coro de críticas que, por tudo e por nada, surgem à ASAE. Mas, convenhamos, atinge-se o cume da estupidez e da cegueira multar em sete mil euros a Junta de Freguesia da Ericeira por usar óleos reciclados nos camiões de recolha de lixo apenas porque é impossível legalizar a produção de biodiesel por estar (o que é também estúpido) esgotada a quota definida pelo Governo (vd. aqui notícia do Público)

4/17/2008

Ideias obtusas

O presidente da autarquia de Lisboa, António Costa, lançou a ideia de desafectar a Gare de Santa Apolónia por causa da remodelação da Gare do Oriente por via do projecto do TGV. Só mais adiante, na notícia do Público, qual a verdadeira vantagem que António Costa vê numa coisa destas: «a libertação do canal ferroviário de Santa Apolónia é grande oportunidade para sanear finanças das empresas ferroviárias [Refer] e dar um uso eficiente ao edifício da actual estação».

Ora aí está: o Estado gasta montanhas de dinheiro para finalmente ter os sistmas de transporte ao centro de Lisboa ligadas por metropolitano (Cais do Sodré, Rossio, Terreiro do Paço e Santa Apolónia), tem todo o interesse que a os comboios da Linha do Norte e os regionais cheguem a Santa Apolónia (que é muito mais central, sobretudo agora com o metropolitano) e depois vai de se desactivar o canal ferroviário de Santa Apolónia só porque assim se libertam terrenos - para mais construção claro - e sanear as finanças da Refer. Saneam-se as finanças, urbaniza-se mais e borrifa-se na qualidade e na eficiência dos transportes públicos. Genial, meu caro Costa!

4/15/2008

A nossa dor ou a dos anunciantes do Diário Económico?

Hoje, no Diário Económico, o director André Macedo, no seu editorial intitulado A Nossa Dor, zurze na ministra da Saúde por ela ter afirmado que a saúde não pode ser um negócio. Primeiro, o editorial começa mansamente a dizer que se recuou no encerramento das urgências do hospital de Anadia, substituindo-o previsivelmente por um serviço de atendimento permanente. Ora, é exactamente por a saúde não ser um negócio que isto acontece. Sou por acaso natural daquele concelho e basta olhar para um mapa para mostrar como é estratégico - para uma população ainda marcadamente rural com franjas industriais - ter um serviço de urgências exactamente a meio da distância entre Aveiro e Coimbra.

Mas do que André Macedo quis escrever - nomeando expressamente - foi sobre a decisão da ministra da Saúde de acabar com a mama das empresas de saúde que geriam os hospitais públicos (como o Amadora-Sintra) que, podendo dar lucro, não deve ser à custa dos contribuintes. Lucros, sim, mas sem os excessos que foram noticiados.

Como se desvirtuam notícias

Tenho andado com pouca disponibilidade para escrever no blog, pelo que as visitas têm vindo, naturalmente,a diminuir. Porém, ontem reparo que o número de visitantes disparou e, por curiosidade, fui ver de onde vinham. Pois bem, do novo site do Portugal Diário que, numa iniciativa de louvar começaram a destacar numa secção própria uma série de blogs seleccionados (pediram autorização por e-mail, o que também se deve destacar...).

Porém, e aqui é que a porca torce o rabo: a razão de tanta visita adveio de um simples post que escrevi há dias em que referia um estudo neo-zelandês que destacava a possibilidade da cerveja vir a aumentar por via do aquecimento global, uma vez que o a cevada terá as suas produções reduzidas. Eu tinha mesmo colocado o link da notícia saída na Folha Online.

Contudo, o Portugal Diário decidiu chamar a atenção dos seus visitantes ao meu blog colocando o título «Cerveja no Estrago da Nação», o que até tem a sua piada. Mas depois vem um diaparate na pequena frase que eles acrescentaram: «Estudo defende aumento da cerveja para salvar o clima».

Ou seja, agradeço-lhes a publicidade, mas pedia que tivessem mais cuidado no uso da informação.

4/10/2008

Cerveja e aquecimento global

Isto, sim! o aumento do preço da cerveja por causa do aquecimento global (é um estudo neo-zelandês), pode ser um bom contributo para as mudanças comportamentais...

4/01/2008

Uma idiotice bem pensante

Um tal de Henrique Raposo, que aparece agora como colunista do Expresso e é director da Atlântico - uma revista muito conceituada para uma certa elite de direita (qualquer que seja o significado disso) e de pessoas bem pensantes -, é senhor de prosa escorreita.

Neste artigo de opinião escreve ele, a pretexto do Minuto Verde da RTP, protagonizado pela Quercus, que aquilo é «uma espécie de Alcorão ambientalista» (não sei por que não há-de ser uma espécie de Bíblia, Tora, Talmud ou Guru Granth Sahib ambientalista, mas, pronto, o que está a dar é referir os muçulmanos para assim se dar uma piscadela de olho ao leitor, indicando-lhe o mal...).

Depois disto, Henrique Raposo decreta sentenças doutrinárias. Assim: «A Quercus ama o ambiente enquanto odeia a sociedade onde vive; ama a bicharada árctica enquanto despreza todos os meus hábitos. Querem o quê? Que deixe de tomar banho em nome da fraternidade que une homens e ursos? Lamento: entre o sacrossanto gelo do Árctico e a heresia ecologicamente incorrecta, escolho a segunda. Nunca um urso polar me pagou um copo pela Páscoa».

Tenho que confessar que o homem, este «opinion maker» (denominação para quem foi convidado para escrever artigos de opinião supostamente para formar a opinião pública a pensar melhor), sabe escrever e tem ideias muito concretas. Elogiá-lo é um dever, portanto. Por isso mesmo, como escreve bem, a sua composição é uma idiotice. Se estivesse mal escrito, era apenas uma parvoíce.