5/31/2009

Pontos de situações dos fogos

Desde que, há um par de anos, a Autoridade Nacional de Protecção Civil começou a divulgar online informações par-a-passo dos incêndios florestais, considerei que se tinha dado um passo importante na transparência. Porém, não poucas vezes, este tipo de informação acaba por afastar a comunicação dos locais. Os fogos são sempre iguais, por isso, poupam-se recursos.

Porém, também não poucas vezes, a qualidade das informações detalhadas acabam por ser enganadoras. Não falo apenas nos fogos que, embora circunscritos, teimam em manter-se acessos durante longas e longas horas - e o termo circunscrito deve considerar-se apenas para situações em que o fogo está garantidamente numa pequena área controlável em pouco tempo.

Outro engano - que se está a verificar agora com o fogo de Sever do Vouga, que agora, quase à meia noite está com uma «frente activa em local de difícil acesso aos meios de combate» - refere-se às constantes informações de que o combate está a evoluir favoravelmente. Significaria isto que se previa que o incêndio ficaria circunscrito e, portanto, extinto. Porém, nem sempre assim sucede. e portanto, das duas uma: se o combate numa determinada situação estava a evoluir favoravelmente e horas depois não se extinguiu, ou houve avaliação incorrecta - e portanto, o combate está a falhar - ou houve tentativa de não atrair os jornalistas para o local.

Combate 0-Fogo 1

Retirado do site da Autoridade Nacional de Protecção Civil, às 20:40, surge na cronologia do incêndio de Sever do Vouga, iniciado às 12:14, as seguintes informações:

31/5 14:37 Combate a evoluir favoravelmente.

31/5 18:02 Incêndio com duas frentes activas em Eucalipto e Pinhal. Vento fraco. Combate a decorrer favoravelmente..

De facto, o incêndio, como ainda está aceso, continua a evoluir favoravelmente. O combate, nem por isso. Já agora, convém relembrar que choveu em praticamente todo o país há cerca de uma semana.

5/30/2009

Lembrete

Apenas para relembrar que, desde Julho de 2008, não integro o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas. Por isso, nada tenho a ver com o parecer do CD sobre a troca de galhardetes entre Manuela Moura Guedes (MMG) e o bastonário da Ordem dos Advogados. Não gostei, como telespectador, da atitude de MMG, não me revejo na forma como algumas notícias são apresentadas, mas estamos aqui perante estilos. E se algo há mais, convenhamos que se saiba que porventura a TVI é o órgão de comunicação social que sofre de maior animosidade por parte do Governo.

Por outro lado, a velha questão de ouvir todas as partes atendíveis, é algo muito subjectivo. Por exemplo, eu sou adepto que não existe obrigatoriedade de ser ouvir alguém se as notícias se basearem em documentos oficiais, desde que o jornalista previamente tenha confirmado a sua veracidade. Mas cada caso é um caso.

Por fim, não me parece que caiba ao CD sequer sugerir que jornalistas que conduzem telejornais, «devem abster-se de introduzir apartes, comentários, expressões e recorrer à linguagem não oral, susceptíveis de conotarem e contaminarem o conteúdo informativo, comprometendo a própria isenção dos profissionais que, conjuntamente, trabalham naquele espaço de informação». Daqui a nada estão a proibir o José Rodrigues dos Santos de piscar o olho quando termina o seu telejornal.

5/29/2009

Recomenda-se

Vale mais do que a pena ir ver O Último Condenado à Morte, do realizador Francisco Manso, que estreou esta semana nos cinemas. Retrata a vida do último enforcado em Portugal, Francisco Mattos Lobo, em 1842, acusado de um crime passional. Com os parcos recursos da cinematografia portuguesa, o filme tem um argumento sólido, uma boa fotografia e som (coisa rara em filmes nacionais), e sólidas e convincentes interpretações.


5/26/2009

O Estado do PS

«Pintaram os bairros, mas esqueceram-se de vos dizer que o dinheiro é do Estado, é do PS», Elisa Ferreira, candidata à autarquia do Porto e candidata ao Parlamento Europeu, dixit.

Muito bom...

... este texto do João Miguel Tavares sobre a TVI, aqui no Diário de Notícias. 100% de acordo em tudo, incluindo vírgulas e ponto final.

5/23/2009

Publicidade enganosa, mas feita com arte

Sobre a campanha da EDP, um rasgado elogio (sem qualquer laivo de ironia) às empresas que a fizeram, como se pode ver aqui em baixo num making of muito apelativo. Mas acaba por ser a prova da publicidade enganosa. Se repararem, a esmagadora maioria dos locais belos que passam no spot final foram feitos em rio de água corrente - ou seja, exactamente aquilo que deixa de existir com a construção de barragens...

5/22/2009

Um jardim zoológico

A forma espampanante como tem sido anunciado o centro de recuperação de linces em Silves atingeíu agora o seu auge com o anúncio de que um dos animais que vem de Espanha se chamará Fado. Triste fado este, o nosso, quando se pensa que por se ter disponibilizado uma área de seis hectares e meia dúzia de técnicos para ter linces em cativeiro já constitui, como diz o secretário de Estado do Ambiente, uma «marca histórica na conservação da natureza em Portugal». Na verdade, é um pequeníssimo passo até porque não estou a ver que o Governo, com esta política de conservação da Natureza, esteja disposta a garantir a recuperação de habitats naturais para linces - alguns curiosamente destruídos com a construção da barragem de Odelouca, ironicamente o empreendimento que indirectamente permitiu a criação deste centro. Temo, aliás, que o destino deste centro seja transformar-se num mero jardim zoológico de linces. E a bem dos linces como o Fado.

Corporativismo no seu máximo esplender

O Tribunal de Faro condenou dois inspectores por falso depoimento e falsificação de documentos, tendo ilibado outros três de tortura a Leonor Cipriano. O facto de esses três inspectores terem sido ilibados não significou que as torturas não tenham sido exercidas - porque em sede de tribunal se provou que sucederam -, antes sim que das duas uma: ou todos bateram ou quem não bateu quis claramente proteger os seus pares. Ou seja, corporativismo para proteger um acto criminoso, o que não abona numa instituição de combate à criminalidade.

Mas mais grave parece-me ser a atitude da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal. O seu representante, Carlos Anjos, veio agora congratular-se com o desfecho e que «sempre defendeu» que os ditos inspectores «não tinham praticado aqueles crimes», acrescentando que o tribunal veio agora «dar razão». Não terá sido bem assim, mas certo é que esta posição é deveras preocupante: se de facto este sindicalista acredita que os ditos inspectores não praticaram aquele crime, então deduz-se que, havendo prova de agressão, houve alguém exterior à PJ que entrou nas instalações da PJ para sovar uma pessoa - independentemente do grau de culpabilidade de um crime dessa mesma pessoa - sem que os inspectores nada tenha feito para o evitar. E mais ainda, prestando posteriormente, através dos seus superiores, falsos depoimentos e falsificando documentos. Ou seja, tanto corporativismo acaba por minar a credibilidade de toda a instituição.

Por isso, quando vemos declarações destas, quando vemos desfechos deste género em julgamentos, passamos a temer tanto os criminosos como aqueles que supostamente, numa democracia, deveriam proteger-nos dos crimes.

Os acasos

A TSF anda a passar o programa «Energia da Água – Terra-a-Terra Especial», que só por um acaso é patrocinado pela EDP. Também por outro acaso, «Energia da Água» é o lema de uma campanha da EDP que tem inundado com publicidade enganosa os mais diversos meios de comunicação. Também por outro acaso, a barragem do Baixo Sabor foi tema de discussão do programa deste fim-de-semana. Por ainda mais outro acaso, o suposto debate não teve a participação de ambientalistas. Outro acaso mais, de entre os «nossos convidados», como se diz na página da TSF, dos cinco participantes, tiveram três pessoas ligadas ao projecto da EDP: Ferreira da Costa, director de projectos e investimentos da EDP, Pedro Beja, coordenador científico do projecto da EDP, e Neves Carvalho, director de sustentabilidade e ambiente da EDP. O último acaso é o pograma ter sido conduzido por um jornalista da TSF, Joaquim Ferreira. Ouvi 15 minutos de programa e desliguei. Parabéns à empresa de comunicação. Mais uma machadada no jornalismo isento e independente.

5/11/2009

Têm um dedinho para «boas» escolhas

O Governo tem uma pontaria na escolha dos seus parceiros. Depois de, pouco tempo depois de se apresentar o Magalhães, se ter ficado a saber que a JP Couto tinha problemas fiscais, agora diz aqui o Público que «a empresa Energie, da Póvoa de Varzim, perdeu a certificação de produtora de equipamentos solares térmicos».

A dita empresa (vd. O embuste, dizem eles), recordemo-nos, como também se diz no Público, recebeu em finais de Março uma pomposa visita do primeiro-ministro e do ministro da Economia no âmbito da promoção à compra de painéis solares térmicos e tinha sido enaltecida pelo seu projecto. O problema é que aquilo não era energia solar; era um embuste. Agora esperemos que não haja umas trapalhadas á moda lusitana e não se invente uns certificados para financiar como renovável algo que não o é.

Não quero ouvir mais

Oiço estarrecido o ministro da Economia, Manuel Pinho, em entrevista na TSF feita pelo director do Diário de Notícias e do director desta rádio. Passeia-se o dito governante com mentiras e propaganda atrás de propaganda - desde assumir que produzimos 43% da electricidade por renováveis no ano passado (andámos por volta dos 25%) até de sermos campeões na eficiência energética (somos os piores em relação à UE-15), passando pelo crescimento espantoso do turismo (onde?, se estagnámos em relação há uma década) -, enquanto os entrevistadores nada rebatem. Desligo o rádio. E acreditem que não é por causa do que diz o ministro, que está ali a fazer o seu trabalho...

5/05/2009

Feira do Livro

Nesta quarta-feira, lá estarei na Feira do Livro, no stand da Dom Quixote, a partir das 16800, para dois dedos de conversa e uns rabiscos personalizados, se porventura alguém os quiser.

Reincido no sábado, dia 9 de Maio, por volta das 16 horas.