5/23/2008

E agora, amigo, a quem eu vou roubar livros?

Nos últimos anos, nas minhas visitas esporádicas à redacção da Grande Reportagem e, mais recentemente, da NS, eu tinha um hábito: acercava-me da sua secretária e perguntava-lhe: «Torcato, que livros posso levar?». E ele, com o seu olhar profundo, aquela barba e cabelo comprido imaculadamente brancos, parecendo-me sempre um daqueles deuses do Olimpo, no seu vozeirão respondia-me, apontando para uma das pilhas: «Estes, não!». E eu, das outras pilhas, lhe pilhava tudo o que me interessava e cabia na minha mochila.

Assim o fiz, até há um mês, quando por lá passei. Mas se me recordo disto, mais ainda me recordo das conversas, discussões, com um homem cultíssimo, bon vivant (demasiado, talvez, mas que importa isso agora), befiquista (o que importa muito), bom conversador, que adorava a polémica pelo gosto de polemicar sem rancor (o que importa muitíssimo), das conversas no Bar Inglês ou num qualquer café.

Agora, Torcato, que partiste assim tão de repente, responde-me: «A quem vou agora perguntar: que livros posso levar?». Caramba, é que tinha vontade de levar mais uns quantos, para te continuar a ouvir dizer: «Estes, não!».

5/16/2008

Imagens de marca

A Estradas de Portugal meteu dois dirigentes da Quercus em tribunal porque, numa manifestação contra o traçado de uma estrada, ter-se-á usado cartazes com a frase “Estragos de Portugal – Entidade Prevaricadora do Estado”. A Estradas de Portugal considerou que tal situação lhes causou danos altamente lesivos no nome e imagem.

Acho muito bem. A Estradas de Portugal, a empresa que tem muitas das nossas estradas esburacadas, a empresa que, sob outra designação, tem um historial de cambalachos, a empresa que gastava milionariamente em carros e «gasosa» (cf. denúncia do actual presidente) e que deixou cair a ponte de Entre-os-Rios em 2001, tem obviamente direito a não ver lesado o seu nome e imagem.

5/15/2008

Campanha parola

A ideia do Grupo BES de criar um cartão de sócio da Selecção Nacional passa das marcas. Eu por comodismo, até aguentei manter-me como seu cliente (minorca, é certo) mesmo com as atrocidades ambientais que têm cometido. Mas esta de gastar, nesta ideia parva, 1,25 milhões de euros dos lucros que os seus clientes lhes dão, passa das marcas.