3/30/2009

Conferência internacional Media e Ambiente - entrada livre com inscrição prévia

Como promover uma adequada articulação entre os diferentes agentes envolvidos na cobertura mediática das questões ambientais? Como lida a comunicação social com as controvérsias científicas? Que medidas económicas, políticas, jurídicas e culturais contribuem para melhorar a cobertura dos problemas ambientais? Que agenda pode orientar a relação entre os media e ambiente?

Estas serão as questões centrais da Conferência Internacional Os media e o Ambiente: entre a complexidade e a urgência, a realizar nos próximos dias 2 e 3 de Abril (quinta e sexta-feira) no auditório principal da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, numa organização conjunta da Agência Europeia do Ambiente, Fundação Calouste Gulbenkian e Instituto de Ciências Sociais e.

Com intervenção de quase três dezenas de personalidades internacionais e nacionais dos campos da investigação científica, ambiente, política e comunicação social, esta conferência abordará, à luz de muitos casos recentes, as pressões e poderes que determinam e por vezes condicionam a informação de âmbito ambiental que chega aos cidadãos. E discutirá, de igual modo, o papel dos investigadores científicos, das associações ambientalistas e dos jornalistas numa sociedade cada vez mais complexa e globalizada.

Será uma oportunidade única para compreender a complexidade, a nível mundial, dos problemas ambientais e a urgência de uma abordagem mediática séria em articulação com o rigor científico, sempre no sentido de uma melhoria no conhecimento e participação do público.

De entre os oradores e participantes – oriundos de Portugal, Reino Unido, Irlanda, Bélgica, Estados Unidos, Alemanha, França e Hungria –, destaca-se a presença de Jacqueline McGlade (directora executiva da Agência Europeia do Ambiente), que apresentará capítulos inéditos do relatório «Late Lessons»; de Robert Cox (conceituado professor da Universidade da Carolina do Norte e presidente do Sierra Club, uma das mais antigas organizações ambientalistas dos Estados Unidos, com 1,3 milhões de membros) e de Christian Vélot, investigador da Universidade Paris-Sud que em 2007 foi sujeito a um corte de financiamento para continuar as suas pesquisas independentes sobre os efeitos dos transgénicos (OGM). Presentes estarão também jornalistas de vários países, entre os quais actuais ou antigos editores e correspondentes da área do ambiente de conceituadas órgãos de comunicação social, designadamente BBC, Independent e Guardian.

No segundo dia da Conferência, decorrerá um Workshop dedicado aos «Early Warners» e aos «Late Sceptics», de especial interesse para os jornalistas, abordando alguns temas controversos na área ambiental que, tendo há anos sido considerados alarmistas e criticados por alguns sectores da sociedade, são hoje considerados problemas de enorme gravidade.

Informações adicionais:

  • A Conferência terá tradução simultânea inglês-português
  • Durante a conferência serão distribuídos os últimos relatórios da Agência Europeia do Ambiente sobre água e transportes
  • A participação no workshop é livre, mas necessita de inscrição prévia
Informações sobre os participantes (biografia e resumo das intervenções), bem como o programa completo, estão disponíveis no site da Conferência acessível em http://www.ics.ul.pt/instituto/ev/meenv

3/26/2009

Contabilidade

Começa «bem» esta época de incêndios inverno-primaveris. Segundo fonte segura, a fasquia dos 10 mil hectares já foi ultrapassada desde Janeiro, ou seja, já estamos muito próximos dos valores da área ardida em todo o ano passado.
Estes valores são, atenta a época do ano, bastante significativos, mas pouco ou nada indicam ainda sobre aquilo que virá a suceder ao longo de 2009. Mas pelos comentários e críticas que começam a surgir em redor dos meios de combate e da gestão florestal, teme-se o pior, se o São Pedro pelo quarto ano consecutivo não vier em nosso auxílio.

3/25/2009

Notas literárias

Recensão d'A Mão Esquerda de Deus, no Jornal de Letras, aqui. Entretanto, nos próximos dias, um pequeno périplo ao país: Pombal (sexta-feira), Aveiro (sábado) e Viseu (domingo). Pormenores, também aqui.

Filhaputice

Vale a pena ler o comentário de Pedro Garcias, do jornal Público, sobre o encerramento pela calada da noite da linha do Corgo e os expedientes usados (vd. aqui). Mais uma machadada no caminho-de-ferro num país enxameado de auto-estradas e quer quer construir um TGV condenado à nascença a ser um elefante branco.

Onde está o Wally?

Procuro no Google News por alguma coisa dita pelo ministro do Ambiente, Nunes Correia, sobre os incêndios no Parque Nacional da Peneda-Gerês durante a última semana. Digito «Nunes Correia» «incêndios» e dá isto. Digito «Nunes Correia» «Gerês» e dá isto. Digito «Nunes Correia» e «Parque Nacional Peneda-Gerês» e dá isto. Ou seja, o homem desapareceu ou então pensa que o que se está a passar é em Espanha.

3/24/2009

O embuste, dizem eles

Quando até Eduardo Oliveira Fernandes, ex-secretário de Estado do Ambiente de António Guterres e um dos mais reconhecidos académicos em energias renováveis, diz que isto é um «embuste», percebe-se melhor que a política energética do Governo e a dupla de mercadores Sócrates-Pinho andam sim a tratar das suas «vidinhas» (e dos seus correligionários empresários) e não do interesse público. É uma pena ver como as energias renováveis andam a funcionar como um puro negócio especulativo.

3/23/2009

Casos de polícia e de sociologia

Depois de ter sido extinto o fogo junto à Mata de Albergaria ao final desta tarde, subsistem quatro incêndios em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês. É óbvia que haverá aqui mão criminosa - e quando escrevo crime, incluo a intencionalidade e a negligência -, mas antes de se andar na «caça ao homem» talvez também fosse conveniente encontarar as razões sociológicas para esta inusitada concentração de incêndios nesta área protegida.

O respeitinho é muito lindo

«No Posto de Comando estão: S. Exa. Secretário Estado da Protecção Civil (...)», in notas sobre o incêndio no Parque Nacional do Gerês no site da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

Pessoal e Transmissível

Hoje, a partir das 19:00 horas, na TSF, será emitida uma entrevista a mim feita pelo Carlos Vaz Marques para o seu programa Pessoal e Transmissível. A Mão Esquerda de Deus será o tema central, mas não só. Será repetida, depois, à 1:00 hora desta madrugada e depois ficará aqui, no link do programa.

Deus ainda não foi completamente ilibado

O país precisava que o secretário de Estado da Protecção Civil se deslocasse ao Parque Nacional da Peneda-Gerês para dizer que «a origem humana negligente por via de queimadas e origem humana dolosa» são hipóteses para a causa do incêndio que lavra desde ontem nesta área protegida. O circo continua, como nos outros anos, e Deus ainda não está completamente livre de suspeita.

A progredir favoravelmente...

... assim se escrevia no site da Autoridade Nacional de Protecção Civil a meio da tarde de ontem em relação ao incêndio no Parque Nacional da Peneda-Gerês, nas imediações da Mata de Albergaria. E assim tem sucedido: o incêndio continua a progredir com os favores de um país que apenas confia na sorte, na chuva que possa vir, na noite que pode arrefecer, no vento que pode parar. E às vezes isso não acontece. Já estou a ouvir as desculpas do costume quando, enfim, o fogo se extinguir por si: a culpa foi do vento, da falta de chuva; de tudo menos de uma área protegida desprotegida. Afinal, olhando as estatísticas, arderem as áreas protegidas arborizadas não é supresa; elas ardem mais do que as áreas não protegidas.

Nota: E agora reparei que está mais um no Parque Nacional do Gerês e outro no Parque Natural de Montesinho. E só agora a tarde começa.

3/19/2009

Areia para os olhos ou a reivenção da roda

Este Governo que tem sido campeão em desanexar áreas de Reserva Ecológica Nacional (REN) e de Reserva Agrícola Nacional (RAN), este Governo que tem sido paladino em permitir, através dos PIN, que se ocupe com betão solo rural, vem agora supostamente colocar obstáculos à transformação de solo rural em solo urbano.

Tretas, caros amigos. Porque não só o regulamento aprovado hoje em Conselho de Ministros terá a sua «excepçãozinha» - que facilmente se transforma em regra se houver os «empenhos» necessários - como também é, aliás, uma reivenção da roda. Desde que Ribeiro Telles criou a REN e a RAN, nos idos anos 80, em teoria não seria possível transformar o barato solo rural em caro solo urbano. Mas os Governos seguintes trataram de arranjar excepções e a serem permissivos (eufemismo!) com os planos directores municipais. E deu no que deu: na mais pura especulação, onde se enriquece de um dia para o outro.

3/18/2009

Fogos invernais

O termómetro em Lisboa, a esta hora, marca 22 graus; no Porto atinge os 19. Hoje é dia 18 de Março, um dos últimos dias do Inverno. Mas quem consulta a página da Autoridade Nacional de Protecção Civil parece estarmos já no pico do Verão: cinco fogos a lavrar, dois dos quais ainda não circunscritos. Destes últimos, um (em Amarante) está com mais de 15 horas em actividade e conta já com mais de 200 bombeiros. Nada disto me surpreende, insisto.

Nota: Já começa a surgir na comunicação social a ideia de estarmos a atravessar uma onda de calor. Eu percebo a intenção e do ponto de vista meteorológico até pode suceder que estejamos a atravessar uma onda de calor (mais de cinco dias com temperaturas máximas cinco graus acima da média dos últimos 30 anos). Mas uma onda de calor no Inverno nada tem a ver, no que diz respeito ao risco de incêndio, de uma onda de calor no Verão. Por isso, associar estes incêndios de Inverno e as dificuldades de os debelar é anedótico.

3/17/2009

Fogo, claro

Continuo a manter a minha opinião: incêndios florestais em Portugal dependem sobretudo da chuva e não tanto do tempo quente. Estamos no Inverno e só ontem terão ocorrido mais de 150 incêndios florestais (deduzo que ocorrências, incluindo os fogachos). Neste momento, 10 da manhã, ainda lavra - e em mato - um incêndios no Parque Natural (coitado) da Serra da Estrela, que dura há quase meio dia. O facto de nem ter chegado a Primavera pouco importa; essencial, sim, é não chover há mais aí três semanas. E, claro, a floresta estar igualzinha à que existia neste mesmo dia em 2003. E entretanto, depois de 2005 - segundo ano dantesco - muita coisa cresceu nas áreas florestais. Este ano promete, infelizmente - a não ser que Sâo Pedro ajudce mais uma vez.

3/13/2009

Olhem, temos outro Freeport! (com adenda)

Anuncia-se aqui, no Diário de Notícias, que «as antigas instalações agrícolas do Cabo da Lezíria, junto à ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira, vão transformar-se num empreendimento turístico dedicado à temática equestre e taurina, num investimento entre dez milhões e 12 milhões de euros». A iniciativa é de uma empresa que assinou um protocolo com a Companhia das Lezírias, como se sabe empresa estatal dedicada à agricultura. Contudo, de equestre e taurina, isto pouco tem. Na verdade, touros e cavalos devemos ser todos nós, porque o dito empreendimento será afinal constituído por «áreas comerciais, três restaurantes, um hotel com 45 quartos, arena, centro equestre, um pavilhão polivalente, jogos de água, jardins e zonas de sequeiro, entre outros equipamentos», conforme diz a notícia. Tudo em 22 hectares.

Ora, pasmado com isto, e pelo que conheço da zona, fui ver o estudo de impacte ambiental que está em consulta pública até 8 de Abril (vd. aqui). E eis que a zona onde se pretende instalar o projecto, com um total de 22 hectares, integra a Rede Natura, é Reserva Ecológica Nacional, Reserva Agrícola Nacional e tem franjas do Domínio Público Hídrico. Ou seja, melhor zona para proibir qualquer construção - e ainda mais numa fase em que tanto precisamos de agricultura para atravessar melhor a crise - não se deve encontrar.

Porém, a Companhia das Lezíria já fez um acordo - cujos contornos desconheço - com uma entidade privada para lhe ceder estes terrenos agrícolas, que são públicos. E mais ainda: se este acordo existe, feito por uma entidade pública, por certo já existirão garantias de que haja «luz verde» para aprovação do estudo de impacte ambiental. Em suma, este caso afigura-se-me ainda mais escandaloso, caso seja aprovado, do que o Freeport. E não me venham dizer que não existe dinheiro misturado nisto.

Nota: Sempre que me recordo do silêncio de João Ferrão, secretário de Estado do Ordenamento do Território, em torno destes atropelos aos mais elementares princípios do ordenamento do território imagino também o que pensará disto o Dr. João Ferrão, investigador do Instituto de Ciências Sociais, que há uns anos era uma das mais conceituadas personalidades em ordenamento do território.

Adenda: Numa pesquisa breve, descobri que este projecto já teve «aprovação» na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira ao ser votado como de interesse público em reunião realizada em 13 de Setembro de 2006. Ver aqui, na página 2.


Uma amarga lição de vida

Todo e qualquer jornalista devia ler isto; todo e qualquer leitor de jornais deveria ler isto, para perceber as amarguras de vida de um jornalista íntegro. E depois questionar: valerá a pena ser íntegro? Eis uma amarga lição de vida de um jornalista acabado de desaparecer.

Nota: Nunca tive a oportunidade de sequer me cruzar com João Mesquita e tenho pena.

3/08/2009

Convite, digamos assim, universal

O lançamento do meu romance A Mão Esquerda de Deus será, como há dias avisei, nesta quarta-feira, dia 11 de Março, na FNAC do Chiado, em Lisboa, com a apresentação a cargo do escritor Miguel Real. Será a partir das 19:30 horas.

Entretanto, o meu site pessoal pode ser consultado aqui. E mais informações especificamente sobre este último romance, aqui. Boas leituras.

3/07/2009

Energia com baixo nível

Cada vez mais os negócios estatais ao redor do ambiente parecem um negócio de almocreves. Primeiro porque o objectivo fundamental dos políticos não é tanto o benefício da economia e do bem estar social, mas sim a promoção e «transporte» de mercadorias de certas empresas, como tudo indica que se está a passar com os painéis solares. Depois, porque o estilo de conversa se assemelha mesmo a um bando de recoveiros, como se viu aqui.

3/02/2009

A imagem de marca da conservação da Natureza em Portugal

Conta o Público que o macho do único casal de águia-imperial que nidificou com sucesso em Portugal em 2008 foi encontrado morto na sexta-feira passada com chumbos de caçadeira, na área do Vale do Guadiana. Acrescenta-se ainda que esta ave de rapina foi encontrada junto ao ninho, situado fora do Parque Natural do Vale do Guadiana, mas dentro de uma ZPE e dentro de uma zona de caça associativa.

Ora, o diligente Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade vai apresentar uma queixa contra incertos, o que certamente vai implicar que nada se vai saber. Aquilo que eu bem gostaria de saber é como é possível que numa ZPE - que significa Zona de Protecção Especial para Aves -, ainda mais esta que tinha um casal nidficante da raríssima águia-imperial - coexiste uma zona de caça. Tiros com biodiversidade. Esta é, infelizmente, a imagem de marca da (des)conservação da Natureza em Portugal. Quer-se compatibilizar tudo e o resultado é, infelizmente, este: o desastre.

Site pessoal no ar

A partir de hoje encontra-se online o meu site pessoal (www.pedroalmeidavieira.com) com informações da minha faceta literária e ensaísta. Ainda faltam uns quantos acertos, mais material e umas melhorias gráficas, mas o resultado aí está. A concepção, e o ciclópico esforço de ir aturando as minhas impaciências, foi da responsabilidade do meu amigo Alberto Lopes, da empresa Grande Cena.

3/01/2009

Entrevista

Para quem queira saber um pouco mais sobre o meu romance A Mão Esquerda de Deus, aqui coloquei a entrevista que saiu hoje na Notícias Magazine, publicada com o Diário de Notícias e Jornal de Notícias.