8/07/2008

As saudades do Santo Ofício


Enojado que ando do jornalismo, eis aqui mais uma pérola em volta do incontornável caso Maddie. Titula o Jornal de Notícias de ontem (dia 6): «McCann perderam oportunidade de provar a inocência», com subtítulo «Ministério Público acusa casal de ter inviabilizado reconstituição da noite do desaparecimento de Maddie».

Nos tempos da Inquisição, também era assim: tinha de se provar a inocência e qualquer negação à vontade dos juizes do Santo Ofício era vista como forma de esconder a verdade, ou seja, em assumir a culpa. O problema está sobretudo que, por um lado, nem me parece que o Ministério Público tenha acusado o casal de coisa alguma - quanto muito poderá ter lamentado que não tenham colaborado, sendo este um direito que lhe assistia e nem deveria merecer censura, em si mesmo. E, por outro, mais grave, os jornalistas continuam candida e irreponsavelmente a especular.

Se é certo que a história do desaparecimento da menina está mal contada, isto não deveria significar que os jornalistas tivessem o direito de apostar numa história que, por agora, não poderão saber se está a ser bem contada.

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