9/06/2004

Farpas Verdes CXXI

O presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve queixa-se que os portugueses são tuistas que gastam pouco, que não procuram os restaurantes e que entopem os super e hipermercados para garantir as refeições.

Pessoalmente, a crise do turismo algarvio surpreende-me apenas por não ser mais catastrófica. Mas que o caminho está traçado parece-me mais que evidente. Nas últimas décadas, além da perda de qualidade ambiental e urbanística desta região, a irreponsável política de ordenamento urbano permitiu a proliferação em doses «pornográficas» da chamada segunda habitação. Ora, a segunda habitação massificada não somente diminui a atractibilidade turística de uma região - por diminuir a sua qualidade ambiental - retira potenciais turistas aos empreendimentos hoteleiros, quer porque os proprietários não necessitam de alojamentos, como podem mesmo «alugar» esses alojamentos em detrimento dos hotéis. Além disso, permitem que seja prescindível a utilização dos restaurantes da região, tanto mais que os preços praticados são exorbitantes.

Inversão para isto parece-me difícil, senão mesmo impossível. Já escrevi que o Algarve é um caso perdido. Chegou a um ponto em que não pode almejar a mais. Quanto muito pode-se limitar as perdas e almejar apenas a que não se piore mais a situação. E isso somente se conseguirá com uma espécie de moratória para não se construir mais.

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