1/29/2008

Bombeiros, sempre eles

Sobre a polémica da falta de assistência dos bombeiros de Alijó, somente tenho uma pequena questão a colocar: tendo este concelho do distrito de Vila Real menos de 15 mil habitantes e uma área inferior a 300 Km2 (cerca de três vezes o tamanho de Lisboa), por que razão se permitiu serem criadas seis-6-seis distintas corporações de bombeiros? Será para que nenhuma delas tenha bombeiros disponíveis 24 horas por dia?

Aliás, já no meu livro Portugal: O Vermelho e o Negro questionava a forma como territorialmente estão distribuídas as corporações de bombeiros. Aplicava-se aos incêndios, mas a tudo o resto. Eis um extracto:

Veja-se o caso de Alijó, no distrito de Vila Real. Ali existem seis corporações diferentes, apenas compreensível pelas lutas de influência e guerras de capelinhas, tão típicas do nosso Portugal. Por causa de seis corporações de bombeiros foi necessário construir seis quartéis e satisfazer as reivindicações para apetrechamento de material para todas num município com uma população que ronda apenas 14 mil habitantes. Neste caso, quando o Ministério da Administração Interna ou o município se preparam para apoiar, por exemplo, a Associação de Bombeiros Voluntários de Alijó, não se podem esquecer de auxiliar também, por óbvias razões, as outras do concelho: as Associações de Bombeiros Voluntários de Cheires, de Favaios, de Pinhão, de Sanfins do Douro e de São Mamede de Ribatua. Caso contrário haverá as habituais acusações de discriminação e, portanto, uma «guerra». O pior é que os resultados, com tudo isto, não têm sido muito satisfatórios: em 2000 e 2002, o concelho de Alijó surgiu no top 10 dos mais ardidos do país...

Ao invés, noutras regiões parece evidente a carência na distribuição territorial de meios operacionais. Por exemplo, 44 corporações têm jurisdição sobre mais de 50 mil hectares. Em nove superam-se os 100 mil hectares. Mesmo não havendo muitos fogos nestas regiões, quando um ocorre é sempre uma carga de trabalhos. Não é de admirar assim que na lista dos 50 concelhos com maior área por corporação de bombeiros, já quase todos tiveram incêndios com mais de mil hectares durante o último quinquénio. Em 20 destes municípios ultrapassaram-se mesmo os quatro mil – ou até mais de 10 mil –, com destaque para Odemira, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Sertã, Almodôvar, Chamusca, Pombal, Abrantes e Loulé. E, claro, convém também referir Castro Marim – o único concelho ainda sem bombeiros – que em 2004 viu o fogo fazer desaparecer cerca de 4.400 hectares.

3 comentários:

Paulo Ferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Ferreira disse...

Centralizar os meios de socorro num único corpo de Bombeiro na sede do conselho é uma má politica, porque se existir uma ocorrência numa extremidade do conselho, o socorro não é efectuado em tempo útil, Um carro arde em 5 minutos, uma PCP após de 5 minutos dificilmente é recuperada etc..

Existe uma necessidade de existir uma a proximidade de meios de socorro a população, isso somente pode acontecer com a dispersão dos meios de socorro, porque se não for assim, não podemos permitir a construção de industria e de habitações fora dos aglomerados populacionais onde existem meios de socorro, porque fora desses nada existe.

Em Portugal não existe somente cepos e pinheiros, existem pessoas, que necessitam de meios de socorro disponíveis, isso custa muito caro e esta mais que provado que ninguém quer assumir esses custos para que os meios existam, quanto mais que existam meios para proteger a floresta.

Obrigado

António Miguel Miranda disse...
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