6/29/2008

Primeiros sinais

A procissão ainda nem sequer saiu do adro, mas apeteceu-lhe olhar já para os números da Fase Alfa e Bravo não para comparar áreas ardidas - nem faz qualquer sentido antes da época verdadeiramente estival - mas sim para confrontar índices de eficácia. Este sim, é um indicador importante tanto mais que havendo poucas ignições por aqui se pode ver como se pode comportar o sistema de combate na época em que existem maiores necessidade. E mais ainda sabendo que o Governo apostou, supostamente, no sistema de primeira intervenção.

Um dos indicadores com que se pode aferir esta eficácia é aquilo que denomino «índice de eficácia da primeira intervenção», que mede a percentagem de ignições que são extintas antes de ulktrapassarem um hectare (ou seja, de se tornarem incêndios). Este índice é fundamental, porque se um foco não é logo controlado tem grande chances de atingir maiores proporções. Portanto, quanto mais elevado em percentagem for o valor, melhor é a eficácia.

Ora, usando os valores disponíveis, os primeiros sinais deste ano não me parecem muito bons. Até Maio tivemos cerca de três mil ignições (valores semelhantes aos anos de 2003, 2004 e 2006, ligeiramente mais altos que 2007 e muito mais baixos que 2005). E por ano, para períodos homólogos, temos os seguintes índices de eficácia de primeira intervenção:

2008 - 73%
2007 - 85%
2006 - 82%
2005 - 75%
2004 - 77%
2003 - 79%

Ou seja, o presente ano está a apresentar os piores valores deste ano. Claro que é prematuro tirar ilações sobre a eficácia da fase Charlie, mas parece-me que existe aqui um motivo de preocupação, porque este indicador pode ser crucial em situações de grande seca estival e com um aumento do número diário de ignições.

Não se julgue que isto são pormenores. Se um ano tiver 20 mil ignições - um valor «habitual» -, teremos então 5.400 incêndios, se o índice for de 73%, o que é imenso. Se o índice fosse de 85%, como no ano passado, então seria expectável termos 3.000 incêndios para o mesmo número de ignições. Portanto, temos uma diferença de 200 incêndios por cada ponto percentual. Dá assim para ver, com estes exemplos, a importância da primeira intervenção no saldo final de um ano de fogos florestais.

Nota: Sobre estes números, o relatório da DGRF nada diz. Continua apostada sobretudo em analisar área ardidas e condições meteorológicas...

4 comentários:

leftbrain disse...

Não percebi a conclusão que tiras dos números: 2008 - 73% é o valor mais baixo da série. Não percebi a conclusão. Mas - bom - eu não sou perito na matéria... lol

leftbrain disse...

ok. já percebi. a eficácia mais baixa: a menor eficácia... ssss

Pedro Almeida Vieira disse...

Caro amigo, o texto não explicava bem a coisa. Refiz e espero que esteja mais perceptível. Se for ainda necessário, eu faço então o desenho he he he he Abraço

Reinaldo Baptista disse...

Continuamos a ter um número anormal de ignições, um valor insuportável para os meios de combate existentes, com agravante dessas ignições serem actualmente no período nocturno, têm menos perigo, mas são um problema para os Bombeiros, isso somente acontece pela diminuição dos meios de combate e de vigilância depois do por do sol