4/23/2009

Salazar e Pombal

Sobre a pseudo-polémica em torno da inauguração dos arranjos de uma praça em Santa Comba Dão que se chama Oliveira Salazar, os puritanos talvez devessem ler um pouco de História. Não há hoje cidade ou vila que, por exemplo, tenha uma rua, avenida ou praça em homenagem ao Marquês de Pombal. Se quarenta anos depois da morte desse hoje considerado grande estadista alguém quisesse colocar o Marquês de Pombal na toponímia de um lugarejo também receberia um coro de protestos. Aliás, não deixa de ser curioso que tenha sido sobretudo no tempo do Estado Novo que a figura do Marquês de Pombal assumiu a pose de estadista que hoje conhecemos e que, aliás, levou até há uns anos Santana Lopes a travestir-se do dito num cartaz de campanha eleitoral em Lisboa.

Por mim, que sou insuspeito de salazarista, acho mais grave darem o nome de presidentes de câmara ainda vivos a rua, ruelas e estádios de futebol.

1 comentário:

Unknown disse...

A "reabilitação" histórico-política do cruel ditador Pombal, que aliás ao contrário de Salazar deixou Portugal de cofres inteiramente vazios, e pela primeira vez sem exército, situação que perdurou e virá a ser responsável pela perda de Olivença, data da tomada de poder progressiva entre nós pelos jacobinos, mormente desde a sua decisão de organizar solenemente o 1º centenário de Sebastião José de Carvalho no final do sc. XIX.

É ainda o mesmo poder jacobino quem manda repor na estátua do mesmo D. José, recolocada abaixo das víboras que este soberanamente pisa, o medalhão com a cara do seu odiado ministro que há tantos anos havia sido retirada daquela praça logo que o país dele se libertara pela morte do rei.

Como principal e pioneiro maçon português no poder, foi então endeusado pelo Partido Republicano Português, quem começou a construção na histórica rotunda de igual memória jacobina da sua estátua e da praça que passa a levar o seu nome - apesar de os pequeno-burgueses republicanos não terem evidentemente dinheiro para acabar aquele eterno lamaçal junto ao Parque Eduardo VII, que apenas Salazar virá a mandar pôr em boa ordem.

Enquanto Salazar procura impor a ditadura pessoal do Portugal Profundo, rural e católico, à ímpia e ateia, caótica e jacobina, anarco-terrorista cidade portuguesa, Pombal pelo contrário foi o esteio do nepotismo mercantilista através do qual se enriqueceu fabulosamente, e aos seus apaniguados seguidores, ao passo que Salazar morreu pobre e honesto, deixando o oiro suficiente para pagar as ignorâncias sócio-políticas revolucionárias e partidocratas oportunistas geradas à luz da inocente revolução que se lhe seguiu depois do interregno de Caetano.

Não penso portanto que seja possível, ou justa, qualquer comparação entre os dois estadistas.

Alexandre Tavares Festas