1/06/2008

Entrevista ao Prof. Delgado Domingos

Colocado no Reportagens Ambientais uma entrevista da minha autoria ao Prof. Delgado Domingos publicada na revista Notícias Sábado. Aborda a polémica das linhas de alta tensão. questões energéticas e algumas posições «desalinhadas» em relação às alterações climáticas.

17 comentários:

Unknown disse...

É refrescante ler esta entrevista e os comentários de alguém realmente esclarecido.
Acerca das variações climáticas (mais do que alterações falamos verdadeiramente de variações) o que se vive é o hype do momento, um não-assunto. A variabilidade climática é algo que sempre existiu, mas de repente arranjou-se um assunto novo para abrir telejornais, que coloca o CO2 no centro da polémica. E é útil, senão veja-se: uma boa maneira de manter os países menos desenvolvidos nesse estado é impedi-los de produzir CO2 por via de impostos. Como as energias mais limpas são mais caras, países que não se desenvolvem por via de tecnologias mais poluentes (e mais baratas) também não vão conseguir implementar as tecnologias mais caras. O falso "aquecimento global" é uma estratégia muito conveniente para os países mais ricos se manterem como tal.
O que nos espera é uma glaciação, e antes dela é natural que o clima mude, aquecendo antes de arrefecer. É inevitável, funciona independentemente de haver humanos e vaquinhas e a produzir metano.
Mais... há gente incontável a viver à custa do "aquecimento global". Conseguir financiamento para um qualquer projecto de investigação é fácil, basta dizer algures que visa contribuir para o estudo do dito aquecimento, e já está.

O "aquecimento global" é uma treta que convém a muita gente, dá de comer a tantos outros e até dá para descredibilizar o Nobel!

Miguel B. Araujo disse...

Pedro, A reportagem não está completa.

José M. Sousa disse...

Parece-me que o Prof., com o devido respeito, está um pouco deslocado em relação ao tema das alterações climáticas.

De facto, os EUA a par da Grã-Bretanha, estão muito avançados na investigação.

Sobre a questão da temperatura nos EUA, o director do GISS(NASA) , James Hansen: http://climateprogress.org/2007/08/16/must-read-from-hansen-stop-the-madness-about-the-tiny-revision-in-nasas-temperature-data/

E continua a haver intervenção política no mesmo sentido de sempre, tentando desacreditar a ciência: http://www.climatesciencewatch.org/index.php/csw/C20/

Quanto às temperaturas desde 1998 e para os próximos anos:

http://climateprogress.org/2008/01/07/no-warming-since-1998-get-real-deniers/
http://www.realclimate.org/index.php/archives/2008/01/uncertainty-noise-and-the-art-of-model-data-comparison/

http://www.metoffice.gov.uk/corporate/pressoffice/2007/pr20070810.html

José M. Sousa disse...

Sobre o Séc. XV, suponho que o Prof. se está a referir ao "Medieval Warm Period"
Parece que o aquecimento nesse período não é comparável ao actual:
http://www.realclimate.org/index.php?p=33
«Despite these extensive
research efforts, anecdotal evidence concerning the last
millennium based on factually dubious beliefs is still rife.
We note three specific examples that are often misrepresented
in terms of their relevance to past climate: (1) the
freezing of the River Thames in London in past centuries,
(2) the cultivation of vines in medieval England, and (3) the
settlement of Iceland and southwestern Greenland about
1000 years ago. It is not unusual to find any one of these
examples (often referred to as anecdotal information), and
indeed, in some cases, all three simultaneously, incorrectly presented as evidence of large-scale
warmth or cold in popular accounts of past climate change.» in http://iri.columbia.edu/~goddard/EESC_W4400/CC/jones_mann_2004.pdf

Em relação ao vapor de água:

(c) Water vapor doesn't overwhelm the effects of CO2 because there's little water vapor in the high, cold regions from which infrared escapes, and at the low pressures there water vapor absorption is like a leaky sieve, which would let a lot more radiation through were it not for CO2, and (d) These issues were satisfactorily addressed by physicists 50 years ago, and the necessary physics is included in all climate models.
http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/06/a-saturated-gassy-argument/langswitch_lang/en

José M. Sousa disse...

Sobre a questão do vapor de água e sua importância como "feedback" do aumento de CO2 e não como factor mais importante que o CO2, ver:

http://www.realclimate.org/index.php/archives/2005/11/busy-week-for-water-vapor/

«The accuracy of the media coverage of Phillipona et al. is decidedly mixed. The BBC got the scientific story straight (warming due to water vapor amplifying anthropogenic effects, everything working as it should, no worries about the physics, mate.), but their otherwise sound article was published with the unfortunate sub-header "Water vapour rather than carbon dioxide in the atmosphere is the main reason why Europe's climate is warming, according to a new study." This gives the casual reader the erroneous impression that the study concludes CO2 is unimportant. It feeds the old, discredited skeptics' notion that the water vapor greenhouse effect is so dominant that there's no need to be concerned about CO2.»

José M. Sousa disse...

Já agora, sobre a história da temperatura de 1934 nos EUA:

http://www.columbia.edu/~jeh1/distro_realdeal.16aug20074.pdf

«to expose how the deceit works.
Instead of showing the impact of the flaw in our analysis program via a graph such as Figure 1, as a scientist would do (and as would immediately reveal how significant the flaw was), they instead discuss ranking of temperature in different years, including many false statements. We have thus been besieged by journalists saying “they say that correcting your error caused the warmest year to become 1934 rather than a recent year, is that right!?”
Hardly. First of all, many journalists had the impression that they were talking about global temperature. As you can see from Figure 1a, global warming is unaffected by the flaw. This realization should be enough to make most journalists lose interest, as global warming refers to global temperature.»

Desculpe a insistência, mas o Prof. Delgado Domingos, pessoa merecedora de muita consideração, foi muito ligeiro nas apreciações que fez sobre este tema, levando muitas pessoas com pouca informação e que já desvalorizam este tema como algo de menor, a continuar a pensar que de facto não se trata de grande problema (veja-se o primeiro comentário desta caixa).

Unknown disse...

Caro J.M.Sousa,

Desvalorizo o "aquecimento global", sim, é para mim uma profunda treta. Valorizo a existência de "variações climáticas", algo diferente.

Já pensava o que penso antes de ler o que disse o Prof. Delgado Domingos, e ao contrário do que possa pensar, não sou pessoa de pouca informação nem desconhecedor do assunto.

José M. Sousa disse...

Caro João

Gostaria muito que tivesse razão. Infelizmente, tem a esmagadora maioria, senão a totalidade, da comunidadade cientifica no activo (saliento, no activo, aquela que faz investigação no terreno e a submete a revisão científica) contra si. Em que é que se baseia para dizer que as Alterações Climáticas são uma "profunda treta"? È que estamos a falar de um assunto demasiado sério, provavelmente o mais sério que a Humanidade poderá vir enfrentar.

Unknown disse...

Não será seguramente toda a comunidade científica. E mesmo entre aqueles que dizem concordar, há uns que o fazem porque o "aquecimento global" lhes paga os salários e as investigações. Já aqui escrevi que para conseguir financiamentos a projectos basta tocar, ainda que levemente, no dito "aquecimento global". Há uma nova forma de fundamentalismo!

Não utilizemos a terminologia de forma leve. Eu falo em "variações climáticas" ou "variabilidade climática", algo que existe. Contesto o "aquecimento global" e o contexto em que este normalmente nos surge.

As "alterações climáticas" são um termo que aceito, no âmbito das variações ou da variabilidade climática.

Dito isto, baseio as minhas ideias naquilo que estudei como parte da minha formação académica, como parte do que tive de estudar em Climatologia.

Há, ao longo da História, intervalos de temperaturas mais baixas que agora, e mais altas. Por exemplo, o Máximo Holocénico, com temperaturas mais altas que as actuais durante qualquer coisa como 3 milénios. A variabilidade climática é um facto, algo que o planeta sempre teve e sempre terá, connosco cá em cima ou não. Mais depressa acredito na influência dos ciclos solares do que na ideia de que há um "aquecimento global" causado pelo homem. Mais lhe digo: connosco ou sem nós, vamos alegremente a caminho de uma glaciação. Está na hora (em termos geológicos, claro).

É um assunto sério sim. Um dos mais sérios. E o mais importante é perceber como a Humanidade se vai adaptar no futuro à glaciação nas latitudes mais altas, e os problemas geopolíticos que daí resultarão.

José M. Sousa disse...

Não foi há muito tempo (Setembro de 2006) que a Royal Society endereçou esta carta à ExxonMobil

http://image.guardian.co.uk/sys-files/Guardian/documents/2006/09/19/LettertoNick.pdf

Caro João

Faço-lhe então a seguinte sugestão, apresente um projecto de investigação a esta companhia (ExxonMobil) contestando o aquecimento global e se for credível, certamente não lhe faltará financiamento, estou certo.

Cumprimentos

lanka4earth disse...

José

Este debate está a ser interessante. De vez em quando é bom encontrar cépticos, para nos reagruparmos. Convém no entanto que os cépticos tragam novos argumentos credíveis, para que o diálogo progrida..
Já tinha ouvido o Delgado Domingos falar, e não parece a mesma pessoa que aparece na entrevista. Vapor de água?? Não diabolizar os Estados Unidos?? Não posso mesmo crer. É um caso para Sherlock, com dois títulos: "who's drugging Delgado Domingos?" e/ou "who wrote the interview with Delgado Domingos?". Será que estamos perante uma finterview (fake interview)?
Como gosto de seguir todo o raciocínio, incluindo os links apresentados, queria só ainda pedir para usar os tags HTML para colocar links nos comments.

;)

José M. Sousa disse...

OK; confesso que não sabia como colocá-los nas caixas de comentário; obrigou-me a descobrir. Obrigado.
Aqui vão de novo, para mais alguém interessado:

Temperatura EUA
Manipulação Política AC
Temperaturas
desde 1998

Temperaturas desde 1998 II

Hadley Centre - previsão até 2014

href="http://iri.columbia.edu/~goddard/EESC_W4400/CC/jones_mann_2004.pdf">Medieval Warm Period

Vapor de água
Vapor de água - feedback CO2
Temperatura 1934 EUA

Carta Royal Society para ExxonMobil

José M. Sousa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José M. Sousa disse...

Medieval Warm Period

lanka4earth disse...

Obrigada
Muito útil
O apelo do James Hansen (para pararem de discutir o mini-erro) que começa com um tom neutro, técnico e factual mas depois não resiste a voltar a enquadrar a dimensão da questão em tom crescentemente apaixonado sem nunca perder a autoridade, impressionou-me bastante. Deveria ter sido ele a ganhar o Nobel.

José M. Sousa disse...

Plenamente de acordo!

José M. Sousa disse...

«O último relatório científico do IPCC refere, por exemplo, que na Antártida o aumento da temperatura precedeu o aumento das emissões de dióxido de carbono, mas depois isso é omitido no relatório para os decisores políticos»

Também aqui, o Prof. parece ter-se ficado pelo ""documentário"" «The Great Global Warming Swindle"». Não sei se são essas as referências, mas parece. Se forem, eis a crítica da Royal Society

Quanto à temperatura vs CO2:

The lag between temperature and CO2. (Gore’s got it right.)

What does the lag of CO2 behind temperature in ice cores tell us about global warming?


«On historical timescales, CO2 has definitely led, not lagged, temperature. But in any case, it doesn't really matter for the problem at hand (global warming). We know why CO2 is increasing now, and the direct radiative effects of CO2 on climate have been known for more than 100 years. In the absence of human intervention CO2 does rise and fall over time, due to exchanges of carbon among the biosphere, atmosphere, and ocean and, on the very longest timescales, the lithosphere (i.e. rocks, oil reservoirs, coal, carbonate rocks). The rates of those exchanges are now being completely overwhelmed by the rate at which we are extracting carbon from the latter set of reservoirs and converting it to atmospheric CO2.»