8/19/2008

Saudades dos anos 90

Surge a notícia que a EDP suspendeu os estudos arqueológicos da barragem do Sabor, alegadamente para não atrasar o projecto e, portanto, apresentar as coisas como facto consumado. Que uma empresa privada faça isto, compreende-se - ninguém, a não ser o mercado a obriga a ter uma postura ética nem há padrões para isso.

Grave sim, é a postura do Governo, ainda mais, neste caso, de um Governo socialista. Quem tem memória, sabe que a barragem do Sabor é a alternativa à barragem de Foz Côa, suspensa logo a seguir à vitória do primeiro Governo de António Guterres, cujo secretário de Estado-adjunto do Ambiente era José Sócrates. Ora, Foz Côa foi suspenso por razões arqueológicas. E sabia-se já, nessa altura, que na zona do Sabor era provável possuir também riqueza arqueológica, além de uma maior riqueza ambiental.

Pois bem, já este Governo socialista, liderado por um antigo ministro do Ambiente, fez tábua rasa das questões ambientais e prepara-se para assobiar para o ar em relação à preservação arqueológica. Estamos na fase do vale-tudo, portanto.

2 comentários:

Xico Burro disse...

Caro "blogger":

Os argumentos contra a construção de barragens têm fundamento. E uma pena transformar o Sabor num deserto de água, que é o que é uma albufeira. Só não sabe isto quem nunca conheceu um troço de um rio antes e depois da construção de uma barragem. Também me parece que o prejuízo ambiental é maior no Sabor (que conheço) que no Côa (que não conheço). Mas... que alternativa defende? Ou não consome electricidade? Não refresca o quartinho no verão? Prescinde, aliás, prescindem os adversários das barragens éolicas etc. dos vulgares electrodomésticos. Se sim, têm razão. Se não, que alternativas propõem? É que ser contra é fácil, mas sejamos minimamente coerentes!

Associação Por Boassas disse...

Caríssimo "A Choldra"
Desculpe contrariá-lo, mas não tem razão. Há muitas alternativas à construção de barragens. Se bem que a primeira medida tem que ser, evidentemente, diminuir (ou pelo menos não aumentar) o consumo. Medida muito mais urgente que a construção de barragens terá que ser também, por exemplo, e como é óbvio, uma coisa inexistente neste país, que se chama "planeamento urbano"!... O desperdício é o principal causador do aumento do consumo de energia. Casas mal construídas. Povoações sem planos. Construções dispersas. Iluminação de locais onde passa um pessoa de 5 em 5 horas... etc, etc... Ainda assim, para o próprio fabrico de energia existem muitas outras alternativas às barragens e que são quase inexistentes em Portugal e que me abstenho de elencar, porque acho que as conhece muito bem. O argumento de sermos todos consumidores é falacioso e tende a confundir a parte com o todo, com os benefícios para os do costume.
Enfim...nada de novo
Até breve