1/11/2008

Mais um PIN

Eu gostava de saber como são as noites de sono de pessoas como Humberto Rosa e João Ferrão - duas pessoas que prezava e que ocupam os cargos de secretários de Estado no Ministério do Ambiente - quando concordam, assinando, com atentados absolutos às regras ambientais. Ontem soube-se que, como estava até já anunciado, o Ministério do Ambiente fez uma declaração favorável de impacte ambiental para se construir uma plataforma logística de 100 hectares no Vale do Tejo.

A zona de implantação colide com a Reserva Ecológica Nacional e a Reserva Agrícola Nacional, está em leito de máxima cheia do rio Tejo e confina com espaços naturais de grande sensibilidade. Mas como é classificado como PIN, tudo se aprova, ainda por cima com a vergonhosa chancela dos senhores do Ministério do Ambiente. Ou seja, o Ministério do Ambiente deixa fazer porque há muito dinheiro à vista. Se não fosse o dinheiro, o Ministério chumbava - tão simples quanto isto!

Eu continuo a achar que a história dos PIN constitui um atentado, mais do que ambiental, de valores democráticos, de justiça social e uma possibilidade de «legalizar» e «lavar» actos de eventual corrupção. Porque se na corrupção por regra se o corruptor paga para se desrespeitar as leis, mas o corrompido corre sempre o risco de ser apanhado pela ilegalidade que autorizou, com os PIN tudo fica resolvido. O corruptor paga para que o seu projecto seja considerado PIN e aprovado, o corrompido recebe o dinheiro e aprova sem problemas futuros com a Justiça. Não tenho, obviamente, provas para garantir isso, mas que a possibilidade está lá mais do que como hipótese académica, ai isso está...

2 comentários:

Mário da Silva disse...

Caro

Vá vêr por onde andam os ministros e outros detentores de cargos políticos e perceberá que os "corrompidos" tem formas mais interessantes de o ser do que receberem umas migalhas por debaixo da mesa.

Isso era dantes.

Já agora, era mais interessante activar o login por OpenID, etc do que nos obrigar a registar no Google só para comentar.

Fernando Moittal disse...

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