Nos últimos anos, no meio jornalístico, fez «escola» o uso (e abuso) de fontes anónimas (ou que pedem o anonimato) para a maioria das notícias de casos mais escaldantes. Começou na Casa Pia, prolongou-se no caso Maddie, sempre existiu no jornalismo político e desportivo, está agora por todo o lado.
Mais do que como jornalista, como leitor detesto fontes anónimas. Eu sei que dá um certo ar cinematográfico (que quase nada tem, quase sempre é por telefone), mas sempre fugi a usar fontes anónimas em trabalhos jornalísticos. Explico-me melhor: usei-as como fonte de informação; porém, somente como pistas ou para referir aspectos que não eram controversos. Quando se estava perante casos mais bicudos, aquilo que «exigia» à fonte (mesmo que fosse credível para mim) era que me apresentasse uma prova (preferencialmente documental) ou pistas para as obter.
E qual a razão por que fazia isto, msmo correndo o risco de a fonte fugir ou eu nada publicar? Porque sempre defendi que um jornalista não deve fazer acusações escudando-se depois numa fonte anónima (que ele sabe que nunca pode/deve revelar). Porque essa fonte pode nunca ter existido e o jornalista quer mostrar serviço (sim, isso existe...). Porque, também, pode o jornalista ter problemas com a Justiça - como neste caso da decisão do Tribunal da Relação sobre´o caso Casa Pia -, pois não basta que o jornalista diga que usou uma fonte que considerava idónea. Tem sobretudo que provar que essa fonte lhe dizia a verdade. E a verdade só se consegue com provas, com trabalho de investigação jornalística, que não se circunscreve a ter bons contactos e um telemóvel.
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