3/02/2009

A imagem de marca da conservação da Natureza em Portugal

Conta o Público que o macho do único casal de águia-imperial que nidificou com sucesso em Portugal em 2008 foi encontrado morto na sexta-feira passada com chumbos de caçadeira, na área do Vale do Guadiana. Acrescenta-se ainda que esta ave de rapina foi encontrada junto ao ninho, situado fora do Parque Natural do Vale do Guadiana, mas dentro de uma ZPE e dentro de uma zona de caça associativa.

Ora, o diligente Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade vai apresentar uma queixa contra incertos, o que certamente vai implicar que nada se vai saber. Aquilo que eu bem gostaria de saber é como é possível que numa ZPE - que significa Zona de Protecção Especial para Aves -, ainda mais esta que tinha um casal nidficante da raríssima águia-imperial - coexiste uma zona de caça. Tiros com biodiversidade. Esta é, infelizmente, a imagem de marca da (des)conservação da Natureza em Portugal. Quer-se compatibilizar tudo e o resultado é, infelizmente, este: o desastre.

8 comentários:

Luís Bonifácio disse...

Fazer queixa contra desconhecidos. de quem não faz quiexa contra si próprio, como aconteceu quando mataram a águia do Benfica metendo-a numa gaiola de canário.

já os topei disse...

A "águia do Benfica" a que se refere é, na realidade, um milhafre ilegalmente aprisionado por um imbecil.

Quanto à atrocidade cometida contra a águia imperial, independentemente do resultado das investigações, por mim ali não se caçava nunca mais. O Estado que acabe com essa dita "reserva" por despacho, já que não pode acabar com os inadaptados de arma em punho, e que sirva de exemplo!

@Pedro;

Parabéns pelo romance.

miss disse...

Só se os espanhóis estiverem loucos é que alinham em entregar linces a Portugal. Isto é África! Uma tentativa de país infestada por mentecaptos de arma em punho!

Gato por Lebre disse...

Sou desde há muitos anos caçador,já o meu pai o era e os meus filhos também. Também sou amante da natureza. Quando vejo atitudes com esta em que um individuo desrespeita totalmente as leis, se calhar tenho que admitir que a caça é uma actividade muito nobre para ser acessível a todos...se calhar nem a mim próprio. Se isto continua assim talvez o preço a pagar pelo desrespeito dos outros seja mesmo a proibição completa desta actividade ancestral.

José Santos disse...

Acho que sim!
É tempo de EVOLUIR!

Terminem com a caça!

Nunca percebi o conceito de MATAR POR PRAZER!

Substituam as armas por máquinas fotográficas!

Reinaldo Baptista disse...

Portugal no seu melhor.

Se a zona é uma zona de caça associativa, somente os sócios é que lá caçam, a queixa devia ser contra essa associação, e a melhor punição era a proibição de caçar permanentemente naquela zona, somente assim é que esses caçadores aprendem, porque na minha zona existe uma zona de caça associativa, e nada escapa, águias são constantemente abatidas, ninguém faz nada.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Não é verdade que este tenha sido o único casal a criar com sucesso este ano, há outro que criou duas crias.
Qual é a incompatibilidade da caça com a conservação da natureza?
Parece-me que o exemplo espanhol é usado muitas vezes sem grande conhecimento de causa. Por exemplo, em algumas zonas de Espanha é permitida a caça ao lobo. E são grupos conservacionistas ligados à conservação dos ursos que acham bem porque temem o risco de aumento do furtivismo e, sobretudo, do uso de venenos que iria afectar a conservação dos ursos.
Pedro, um banco é incomparavelmente mais bem guardado que uma ZPE. E no entanto há assaltos a bancos.
Resumindo, é um episódio triste é bom que se vá tão longe quanto possível no apuramento de responsabilidades mas tiradas não fundamentadas não são muito úteis, para além de aliviarem a alma de quem as produz.
henrique pereira dos santos

analuciana disse...

Claro que não foi ninguém!!

Esta situação, como tantas outras, envergonham-me como ser humano.
Envergonha-me que os da minha espécie não se respeitem nem ajudem uns aos outros.
Envergonha-me que os da minha espécie nunca tenham saído da caverna, achamos que estamos no topo do mundo, que somos tecnológicos, mas pelos vistos nunca abandonámos a primitividade da caverna. Com a diferença de que nesse tempo se caçava por sobrevivência, hoje caça-se por sobrevivência sim mas do ego, da ignorância, da crueldade...
Como é que é possível acreditar que o verbo caçar possa ser nobre? Não me venham cá com tretas que são apreciadores da Natureza, ou que caçar numa reserva de caça associativa é menos grave. É menos grave porquê? Os animais ressuscitam depois? Ou pesa menos na consciência? Não me façam rir...
Amam a Natureza por isso matam parte dela, mas não contentes com isso, os cartuchos vazios são lançados para o solo, ora pois claro, são biodegradáveis que se fartam!

Sobre a águia do Benfica também é giro, vai daí e um dia deste o Sr. Pinto da Costa lembra-se que também quer ter o seu animal e quer um dragão. Já agora, terá o Sporting um leão aprisionado também?