12/21/2004

Farpas Verdes CXXVII

Como seria de esperar, a co-incineração regressa como tema de uma campanha eleitoral. Como não há duas sem três, prevê-se mais uma alteração à estratégia de tratamento de resíduos industriais: em 1995, o PS abandonou o projecto do Governo do PSD (incineração); em 2001, o PSD-PP abandonou o projecto do PS (co-incineração) e, previsivelmente, o PS abandonará o projecto do PSD-PP.

Um assunto desta natureza requer aquilo que os políticos gostam de denominar por «pacto de regime»: ou seja, encontrar uma solução consensual, o que em política significa que os partidos deveriam chegar à decisão de nomear uma comissão verdadeiramente independente (muito longe daquilo que foi a CCI de Sócrates) e seguir escrupulosamente todas as orientações técnicas que esta propuser. Caso contrário, muda-se o Governo, muda-se tudo.

Ora, na verdade, a recente polémica mostra que tanto o PS como o PSD-PP mostram uma postura redutora do problema. O Governo de Guterres concentrou a sua «luta» nos resíduos incineráveis; o Governo PSD-PP apenas nos restantes, embora ambos cometendo o erro (de décadas) de fazer as coisas com um intolerável secretismo. E isto já demonstrou, desde Sines, passando por Estarreja e terminando em Souselas, Maceira e Outão bons resultados.

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