12/21/2004

À Margem Ambiental LXXII

Em tom de esclarecimento, sobretudo em reacção a algumas mensagens, gostaria de reiterar o seguinte:

a) Não tenho saudades de José Sócrates como ministro do Ambiente, embora lhe reconheça que conseguiu que esta tutela tivesse um peso político na orgânica de um Governo, que jamais se assistira (mesmo nos tempos de Ribeiro Telles e de Carlos Pimenta, que foram os melhores governantes, a postura era sempre de contra-poder). De qualquer modo, falhou em muitos sectores, sobretudo no urbanismo (sempre fui muito crítico ao programa Polis e à incapacidade em estancar a especulação imobiliária). No caso da co-incineração, penso que teve uma atitude autista, teimosa e que conduziu muito mal o processo, envolvendo a comunidade científica numa situação vergonhosa. A sua teimosia, como dizia, também fez com que não se resolvesse o problema principal: os 90% de lixos perigosos que não podem/não devem ser queimados.

b) Não tenho, neste momento, uma posição definitiva sobre a co-incineração. Admito-a como uma alternativa, mas a haver necessidade de queima de uma parte dos resíduos (nunca de óleos ou de outros resíduos que podem/devem ser reciclados, com vantagens económicas e ambientais), preferia uma central de incineração dedicada. Tudo depende da quantidade de resíduos que estejamos a falar e esse valor nunca foi claramente apresentado. Só assim se poderia decidir se seria mais conveniente a queima em solo português ou optar pela exportação. Mas essa decisão deveria ser tomada em conjunto com as empresas produtoras desses resíduos.

c) Em relação aos actuais governantes do Ministério do Ambiente, sinceramente estiveram lá tão pouco tempo que nem sequer dá para os acusar de fazer muitas coisas (quer asneiras, quer medidas positivas). Repito é uma coisa: estes últimos três anos foram penosos para o ambiente em Portugal.

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