9/09/2007

Jornalismo assassino

Cada vez me choca mais a forma como a quase generalidade dos órgãos de comunicação social abordam o triste caso da criança desaparecida no Algarve em Maio. Usa e abusa-se das fontes anónimas, das especulações mais torpes. Podem até as especulações se confirmarem como verídicas - mas são tantas que algumas serão, por certo, falsas. E, no final, muitos podem sentir-se lesados, sem culpa, dos atropelos às normas deontológicas dos jornalistas. Uma coisa sei eu: o papel do jornalismo não é este. Um caso que procurarei, no âmbito das minhas funções no Conselho Deontológico, que seja abordado.

3 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

Sinceramente não acredito que se consiga mudar o estado da coisa.

Anónimo disse...

E o serviço público de tv foi pródigo em citar as tais fontes anónimas...
Quantas vezes ouvimos " a rtp sabe que"?!?!? Quantas dessas corrspondia de facto à citação de uma informação em "exclusivo"?!?!?
Eu também sei que eles sabem que todos nós sabemos quem mente.
cosmos

André Avlis disse...

Antes de mais parabéns pelo trabalho. Espanta-me que não seja mais comentado.

Dificilmente encontraremos paradigma mais apropriado para ilustrar o provincianismo português, como o definiu Fernando Pessoa, que a “saga” da infeliz Maddy.
Algumas questões que não tenho visto abordar na imprensa, mas que ninguém que conheça com bom senso deixou de abordar:
Quantas horas por dia dura esta novela nos média portugueses? Como se passam as coisas em Inglaterra? (estive lá há coisa de um mês, o que há são actualizações pontuais).
Quantos segundos desse tempo são dedicados a crianças portuguesas?
Mais: classe social ainda é a questão, ouvi a alguém.

Portanto, a diferença (para nós) passa por serem McCann e não por exemplo «Lopes da Silva» e serem ‘well-to-do people’, ou se quiserem, «malta do papel».
Ou não?

Cumprimentos