Muito se tem falado na máquina propagandística do Governo. Mas daquilo que pouco se tem criticado é o contributo da comunicação social. E tem sido muita. Por vezes por se ver envolvida numa teia de promiscuidades, noutros casos por ignorância.
Ora, a ignorância é, na minha opinião, tão ou mais perigosa do que a promiscuidade. Porque se a promiscuidade pode a todo o tempo terminar, a ignorância é mais perene.
Isto a propósito da forma como a generalidade da comunicação social tem divulgado, irresponsavelmente por ignorância, as supostas maravilhas energéticas do Governo. E também sobre as (não) medidas de combate ao aquecimento global.
Ontem, como se sabe, José Sócrates foi discursar na Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Ora, até se lhe desculpa que, por ser como presidente em exercício das União Europeia, dissertasse sobre maravilhosas que estão longe de ser nacionais.
Porém, mais grave é ter, mais tarde (e acredito numa daquelas conversas em tom informal, como ele bem sabe fazer), começa a debitar loas às medidas do Governo no que diz respeito às emissões de gases de efeito de estufa. Nesta notícia da Lusa, aqui transcrita pelo Público Online, Sócrates terá dito que Portugal assumiu já «metas mais ambiciosas do que as definidas dentro da União Europeia». Isto daria vontade para rir, se não fosse grave, porquanto é bem sabido que estamos muito longe de cumprir as metas previstas no protocolo de Quioto, que nos tinha concedido um regime de excepção dentro da União Europeia (ou seja, a UE deveria reduzir 8% as emissões no período 2008-12 em relação a 1990, enquanto Portugal poderia subir 27%).
Mas há mais. Sócrates disse também - e amorfamente o jornalista da Lusa divulgou, que «em matérias como as energias renováveis, Portugal está na linha da frente da Europa, tendo já 39 por cento da sua energia eléctrica com base renovável». Isso está longe de ser verdade - nem neste ano chuvoso tal acontecerá - e é bom salientar que a electricidade representa apenas 20% dos consumos energéticos, além de que gases de efeito de estufa têm ainda outras origens.
Em conclusão, os jornalistas (e os seus editores) deveriam ter a obrigação de ter um olhar mais crítico - e já agora saber qualquer coisinha antes de escreverem - sempre que o Governo fala sobre energia, ambiente e alterações climáticas. Caso contrário, ainda se pensa que Sócrates diz a verdade. O que, convenhamos, não foi o caso.
Ora, a ignorância é, na minha opinião, tão ou mais perigosa do que a promiscuidade. Porque se a promiscuidade pode a todo o tempo terminar, a ignorância é mais perene.
Isto a propósito da forma como a generalidade da comunicação social tem divulgado, irresponsavelmente por ignorância, as supostas maravilhas energéticas do Governo. E também sobre as (não) medidas de combate ao aquecimento global.
Ontem, como se sabe, José Sócrates foi discursar na Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Ora, até se lhe desculpa que, por ser como presidente em exercício das União Europeia, dissertasse sobre maravilhosas que estão longe de ser nacionais.
Porém, mais grave é ter, mais tarde (e acredito numa daquelas conversas em tom informal, como ele bem sabe fazer), começa a debitar loas às medidas do Governo no que diz respeito às emissões de gases de efeito de estufa. Nesta notícia da Lusa, aqui transcrita pelo Público Online, Sócrates terá dito que Portugal assumiu já «metas mais ambiciosas do que as definidas dentro da União Europeia». Isto daria vontade para rir, se não fosse grave, porquanto é bem sabido que estamos muito longe de cumprir as metas previstas no protocolo de Quioto, que nos tinha concedido um regime de excepção dentro da União Europeia (ou seja, a UE deveria reduzir 8% as emissões no período 2008-12 em relação a 1990, enquanto Portugal poderia subir 27%).
Mas há mais. Sócrates disse também - e amorfamente o jornalista da Lusa divulgou, que «em matérias como as energias renováveis, Portugal está na linha da frente da Europa, tendo já 39 por cento da sua energia eléctrica com base renovável». Isso está longe de ser verdade - nem neste ano chuvoso tal acontecerá - e é bom salientar que a electricidade representa apenas 20% dos consumos energéticos, além de que gases de efeito de estufa têm ainda outras origens.
Em conclusão, os jornalistas (e os seus editores) deveriam ter a obrigação de ter um olhar mais crítico - e já agora saber qualquer coisinha antes de escreverem - sempre que o Governo fala sobre energia, ambiente e alterações climáticas. Caso contrário, ainda se pensa que Sócrates diz a verdade. O que, convenhamos, não foi o caso.
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