11/04/2007

Onde estão os bombeiros voluntários?

Os fogos tardios deste Outono estão a demonstrar sobretudo a falácia do voluntarismo das associações de bombeiros. Terminados os apoios financeiros do Estado para contratação de bombeiros (ou seja, profissionais), poucos são os bombeiros voluntários - do universo dos tais que são 40 mil - que se deslocam para apagar um incêndio.

Vejamos, em concreto: no momento em que escrevo (18:00 horas) estão quatro incêndios não circunscritos, a saber

  • Arcos de Valdevez, que começou às 8:20 horas e tem apenas 15 combatentes
  • Montalegre, que começou às 13:02 horas e tem apenas 15 bombeiros, mas segundo indicações da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) alguns são do ICNB, pois está a lavrar em zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês
  • Vinhais, que começou às 16:32 horas e que, segundo a ANPC, estão 13 combatentes a caminho (mais de uma hora a lá chegar)
  • Ponte da Barca, que começou às 17:07 horas e tem 6 combatentes.

É certo que estando as temperaturas baixas e a humidade relativa elevada, estes incêndios podem não causar grandes estragos, mas acabam por mostrar que o sistema de voluntariado não existe e apenas está travestido durante o Verão porque os voluntários são pagos. E, portanto, mais uma razão para que sejam profissionalizados e responsabilizados.

4 comentários:

Paulo Ferreira disse...

A disponibilidade da mão-de-obra voluntária nos Bombeiros é muito flutuante, nos dias úteis entre as 7H00 e as 18H00 dificilmente se arranja bombeiros voluntárias para as guarnições das viaturas, mesmo aqueles que aparecem aos alertas são normalmente novatos ou reformados.

Isso se deve pela dificuldade económica do país esta a passar a algumas décadas, levando que as identidades patronais não despenderem dos seus funcionários para irem socorrer a população, e as empresas cada vez mais se deslocam para a periferia das zonas urbanas, longe dos quartéis de bombeiros.

Também existe a desmotivação geral entre os Bombeiros, porque ser bombeiro voluntário não é sinonimo de obra barata do SNBPC, e pela falta de consideração das cúpulas do sistema, em Portugal não existem somente fogos florestais, e o dispositivo de combate a incêndios florestais são somente quase 3 meses e o ano são 12, de pois de 9 meses de escalas consecutivas, formação etc, chega ao Verão é mais uma ou duas escalas alem das existentes, ECIN e ELAC, pagas a valores irrisórios, comparando aos novos parceiros que entraram recentemente no sistema.

No combate aos incêndios eram poucos bombeiros, e cada vez serão menos bombeiros, mas, mas pelos menos os Bombeiros apareceram, e os outros?

Pedro Almeida Vieira disse...

Caro Paulo Ferreira,

A questão é exactamente essa: existem verdadeiros bombeiros voluntários e existem os outros que se fazem de «bombeiros». Continuo na minha: ninguém é obrigado a ser bombeiro voluntário (eu não sou nem nunca fui...), mas quem assume essa função tem benefícios e tem deveres. E se se vir, como se tem visto, que os voluntários são insuficientes, crie-se então um estrutura profissional que garanta eficácia. O sistema de ensino, de saúde, de cultura, etc. não se sustenta á base do voluntariado por razões óbvias. Então porque o socorro (tão importante) tem de viver do voluntariado?? Para falhar?

Paulo Ferreira disse...

Caro Paulo, sou bombeiros voluntários, e defendo a profissionalização 100% do socorro a nível nacional.
Actualmente ser Bombeiro voluntário não é para todos, é para quem pode, e para mim não é uma necessidade pessoal, mas sim uma necessidade social, é quase uma obrigação, sei que alem de mim, não existe mais nenhuma estrutura de socorro na minha zona de residência que possa auxiliar a população, quer a nível do Pré-Hospitalar quer a nível de incêndios em quantidade e qualidade.

Mas como profissionalizar os Bombeiros e o socorro?
É colocar 5 homens como o SNBPC e os municípios querem em alguns corpos de Bombeiros?
Somente um pronto-socorro leva entre a 5 a 6 homens, onde está o material de apoio, que pode auxiliar esses homens no terreno?
Não existe, estão por sua conta e risco.
E depois do seu horário de trabalho?
Não existe socorro?
È complexo, no meu corpo de bombeiros tenho excelentes homens, com formação e capacidade física e intelectual, mas não temos capacidades financeira em ter como profissionais, eles somente fazem piquetes e quando a sirene toca se podem comparecem, mas se recusam a ser usados no verão como mão de obra barata do SNBPC no DCIF, não são obrigados a fazer essas escalas.
No meu blog tento ser um pouco mais especifico

Alexandre disse...

As suas generalizações exageradas apenas servem para descredibilizar as suas opiniões e perspectivas que, no fundo, têm razão de ser. Ao faze-los e ao não contextualizar as suas observações devidamente, acaba por cometer demasiadas injustiças.

Cumprimentos

Alexandre Borges
Comandante dos Bombeiros de Canas de Senhorim.