1/03/2008

Lobos e hienas

Durante a semana passada, surgiram notícias - e muitos comentários na blogosfera - sobre um viaduto na auto-estrada entre Vila Real e Chaves, na zona de Vila Pouca de Aguiar, que terá custado acima de 100 milhões de euros para supostamente servir de túnel para lobos. E que estes alegadamente não o usavam.

Não tendo elementos para uma análise exaustiva, esta questão mostra como algumas medidas de cariz ambiental podem ser contraproducentes e mal compreendidas pelas populações. Arriscar construir um túnel de tão elevado custo sem garantias de que resolve o problema é um desperdício que apenas serve para garantir mais empreitada - e, portanto, mais lucro para os construtores. Aliás, eles nem se importam que haja muitas obras deste género.

Porém, fique-se a saber que, na minha opinião, coisas destas não devem ser consideradas medidas ambientais. Independentemente de se ter ou não conseguido que os lobos atravessassem o dito túnel, a verba é exageradamente elevada. Com muito menos se conseguiria criar, em outras zonas, uma melhoria das condições de habitat dos lobos e de outras espécies. Por isso, sempre advoguei que em vez de medidas mitigadoras de duvidosa eficácia se deveria antes impor programas e projectos de compensação ambiental. Sendo certo que, obviamente, isso jamais fosse condição para aprovar tudo - até porque, em excesso, poder-se-ia correr o risco de deixarem de existir zonas para as compensações ambientais.

4 comentários:

Henrique Pereira dos Santos disse...

Também tu, Pedro?

Sem te dar muito trabalho dá lá um salto ao blog da ambio (http://ambio.blogspot.com/)
e tens lá três posts meus sobre o assunto:
um sobre a inacreditável forma como o jornalista do expresso pega na notícia, outro sobre a verdadeira razão do sobre-custo da estrada e outro sobre a deseconomia ambiental atribuída aos excessos ambientais.
Depois de te documentares poderemos discutir o assunto com calma e serenidade.
henrique pereira dos santos

Pedro Almeida Vieira disse...

Henrique, claro que sei que uma passagem para lobos não custa aquela verba. A questão essencial é saber se as medidas de minimização acabam por atenuar os impactes negativos de um projecto ou servem apenas para dar mais obra pública aos empreiteiros. E por isso talvez fosse bom que,em alguns casos, se assumissem os prejuízos ambientais e se aplicassem as verbas em projectos ambientais concretos.Se não conseguimos preservar razoavelmente 20% do território, pelo menos que se conserve bem digamos aí uns 5%. Mas falaremos sobre isso.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Pedro,
Optei por uma resposta mais abrangente na Ambio (http://ambio.blogspot.com/)
henrique pereira dos santos

Victor Alves disse...

Se antes os lobos não passavam por essa zona, agora será bem provável que se vejam obrigados a passar, lobos e não só. Portanto, concordo com tal decisão. Além de que essa medida foi útil a Vila Pouca de Aguiar, já que assim a auto-estrada, não prejudica a expansão da vila, nem a mobilidade local das populações, alem de ocupar menos terrenos.