12/09/2007

Ainda os plásticos

Este meu post sobre a idiota proposta do Ministério do Ambiente suscitou reacções de alguns dos meus leitores. Ora, gostaria de concretrizar que a ideia é idiota, porque de forma descarada pretendia tão-somente sacar um financiamento que nem sequer se destinava ao sector dos resíduos mas sim para o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade.
Não sendo os sacos de plástico a questão mais candente na área dos resíduos, não me parece que um imposto de 5 cêntimos (o que faria que houvesse um duplo imposto, já que se pagam os sacos como embalagens à Sociedade Ponto Verde) levasse a uma significativa redução da quantidade de plásticos nos resíduos.
Na verdade, preocupa-me mais - e aí sim há um campo enorme para intervir - a forma como tem vindo a aumentar a quantidade de embalagens que acabam, obviamente, no lixo. Por exemplo,as normas que a ASAE pretende impor de trocar copos de vidro por copos de plástico ou embalar tudo e mais alguma coisa acaba por ser muito mais lesivo para o ambiente, sem que haja uma evidente vantagem do ponto de vista da segurança alimentar.
Por outro lado, gostaria mais de ver uma estratégia de redução que tentasse demonstrar às pessoas o custo económico do excesso de embalagens, que as pudesse levar a uma postura mais adequada aquando da escolha dos produtos. Por exemplo, cada produto que se comprasse numa loja poderia - e não me parece que seja complicado - ter expresso o valor que se paga à Sociedade Ponto Verde por causa das embalagens.E aí o consumidor vinha para casa com a factura e a matutar naquilo que pagou pelo produto em si, pelo IVA e pelas embalagens que acabam no lixo. Dessa forma, talvez começasse a olhar com outros olhos para esta questão e passar a tomar melhores opções ambientais e económicas.

3 comentários:

João Vaz disse...

O problema reside também no facto das taxas pagas pelos embladores à Sociedade Ponto Verde serem muito baixas, muito inferiores às do resto da Europa. Daí que custa quase nada, cerca de 0,0016 cêntimos por saco ao Retalhista que distribui sacos gratuitamente.
A questão mais premente é como impedir que os sacos sejam um bem não económico, sem valor nenhum após a sua aquisição, e simultaneamente como fazer com que as empresas internalizem os custos ambientais dos sacos de plástico.

A história recente da introdução de um ecotaxa sobre os sacos de plástico, na Irlanda, trouxe uma redução de 90% dos sacos distribuídos. Se isto não é um sucesso no combate ao desperdício, então o que será ?

Obrigado pela atenção.

J.Vaz

Victor Alves disse...

Bem, eu concordo com a medida independentemente de qualquer que seja o fim que o governo queira dar a essa taxa, o que é certo é que ela reduzirá efectivamente o nº de sacos distribuidos.
Além disso cada vez que uma pessoa quer usufruir de um saco e tem de o pagar, irá pensar duas vezes e pensará, espero eu, qual o motivo dessa taxa.


Bem ,queria dar os parabens ao autor, pelo blog, está realmente muito bom, imagino que são horas e horas de dedicação do autor. Mas, com certeza que vale a pena.

Já agora queria convidá-lo a dar uma olhadela no meu blog e se entender que é merecido, coloque-o na barra lateral:
Montesinho Natural
www.pnmontesinho.blogspot.com

Raízes disse...

Concordo em parte com o que escreve...mas não deixo de concordar com o pagamento dos sacos do lixo.

Concordo que não é por ai que vamos reduzir resíduos, nomeadamente plásticos e que as regras impostas pela ASAE são de facto uma dificuldade para a redução de plástico usado em embalagens.

Contudo, acho que a medida pode ser importante no sentido de habituar o público a rejeitar o plástico, a criar consciência e habituar a utilizar outros materiais.
Depois parece-me, pelos comentários que ouvi que continuamos a ser muito parolinhos. Ficam logo todos muito imcomodados porque passariam a ter de levar sacas de pano ou teriam de pagar pelos sacos.

Mas então isso não é coisa corrente lá fora????

O mesmo deviam fazer com as garrafas de plástico e embalagens de leite.
Deviam promover a utilização de garrafas de vidro e que estas fossem reutilizadas e não para o vidrão como acontece com a maioria das garrafas.

Há que começar por algum lado, mas infelizmente existe que prefira nada a alguma coisa.