12/05/2007

Ideia idiota

De quando em vez, lá para os lados da rua do Século, surgem ideias. O nascimento de uma ideia, em si mesmo, é de aplaudir. Porém, quando se ouve a ideia, alguém de bom senso consegue saber se ela tem pernas para andar ou se, a dita ideia, é uma idiotice.

Vem isto a pretexto da ideia do Ministério do Ambiente em aplicar uma eco-taxa de 5 cêntimos aos sacos de plástico. E isto porque os referidos sacos dificultavam «as operações de recolha e tratamento de resíduos sólidos» e afectavam «as redes de saneamento de águas e contribuindo para a deterioração da paisagem e para a poluição». Ora, parece-me a mim que, por estranho que possa parecer, os sacos de plástico até facilitam as operações de recolha de lixos (imaginemos como seria despejar o lixo directamente nos contentores ou, como é o caso da minha rua, em plena via público porque a autarquia de Lisboa não coloca aqui qualquer contentor). Além disso, os sacos de plástico das compras podem ser reutilizados substituindo os normais sacos do lixo (por exemplo, há que não os compro). Por outro lado, não me parece que seja por causa de sacos de plástico que as redes de saneamento são afectadas.

Mas onde achei mais piada a esta proposta - e que mostrou que a «coisa» tinha pouco de ambientalista mas sim de um simples imposto - foi no destino da verba recolhida. Tratando-se de um imposto que tinha como objectivo reduzir os problemas na área dos resíduos e águas residuais, não fazia nenhum sentido que as verbas fossem destinadas às áreas protegidas. Dava a ideia de que alguém terá andado a magicar onde ir sacar mais uns punhados de cobres aos cidadãos. Alguém de pouco senso ter-se-á lembrado dos sacos de plástico. Esdrúxula ideia que, poucas horas depois de sair no jornal Público, foi deitada ao lixo.... talvez num saco de plástico.

5 comentários:

Luís Bonifácio disse...

imagine que ia avante e por causa disso voltávamos a usar as ceiras de palha. O que até nem era mau. Mas acha que nesse caso os Higienistas da ASAE ficariam de braços cruzados?

Reinaldo Baptista disse...

O problema dos sacos de plásticos é complexo, tem que existir medidas para reduzir o consumo, é um problema ambiental.

Basta ver como o nosso território está salpicados por sacos de plásticos, eles existem em todo o lado e demoram muitas centenas de anos para desaparecerem.

Os sacos de papel seriam uma boa medida, como se facultar caixas de cartão aos clientes, como algumas superfícies comercias estão a dotar.

João Vaz disse...

O Pedro Vieira de Almeida mostra estar pouco atento à realidade dos sacos de plástico gratuitos. Em primeiro lugar coloca-se a questão de quem paga os sacos de plástico. Eu ? Eu não consumo sacos de plástico, levo os meus, de pano ou de plástico reutilizável. Então sou eu que ao comprar umas maçãs no Continente pago implicitamente os sacos de plástico de quem vem a seguir.
Depois como sabe há sacos de plástico pretos para o lixo, estes servem de escoamento ao plástico recolhido. Os sacos de plástico que o Comércio usa são de matéria-prima virgem, representam importação directa de petróleo. Logo um desperdício económico de deitados para o aterro.
O saco de plástico de supermercado serve imensamente o comodismo urbano, diga-se: recolha diária de resíduos, com custos terríveis, económicos e ambientais (poluição do ar, CO2, NOx, ruído...etc.). Os sacos do lixo devem ser maiores , de 60 a 120 litros, permitindo uma recolha semanal de indiferenciados.

Mais, na Irlanda, no Bengladesh, na África do Sul, Alemanha...etc, a introdução de uma ecotaxa sobre sacos de plástico reduziu drasticamente o seu consumo e respectivo desperdício de recursos naturais.
Será que o que interessa é desperdiçar e servir o comodismo das gerações presentes ?

Obrigado pela atenção.
João Vaz
Figueira da Foz

João Vaz disse...

os sacos de papel só se forem de papel reciclado, senão andamos nós a destruir florestas para servir o nosso comodismo....

Ponto Verde disse...

O Pedro Almeida Vieira, pessoa que admiro revelou neste post uma opinião ponderada ao nível da Rua do Século. Se não conhecesse e ecompanhasse o seu trabalho diria que era um ecologista de "pés de plástico" , seria mais coerente ter pès de barro!