Há cerca de uma década, a Administração do Porto de Lisboa (APL) tentou impôr um megalómano projecto de urbanização na faixa ribeirinha do Tejo, apenas não tendo avançado devido à contestação popular (isto é, de alguns grupos de cidadãos mais dinâmicos). Entretanto, apesar do chumbo deste projecto, a APL manteve a sua postura de tentar tudo fazer ao arrepio das populações e mesmo contra as posição da autarquia lisboeta, como fica patente no caso do terminal de cruzeiros em Santa Apolónia (que é mais do que isso, pois tem componente comercial e turística, ou seja, uma frente de betão de 30 metros).
Mas, independentemente desta subversão democrática, aquilo que mais me choca é que, com esta ou outra APL, nenhum Governo consegue impôr, como tutela, uma outra atitude, como se a APL fosse um Estado dentro do Estado. Ora, como isso não acontece (ou não é admissível que aconteça), tem de se concluir que é a tutela (Ministério das Obras Públicas) que cauciona e aprova este tipo de atitudes das gentes da APL. Donde, deveria ser o ministro a ser chamado à pedra, caso se mantenha o autismo. E sobretudo tem este Governo a obrigação de redefinir as competências da APL.