6/19/2004

Farpas Verdes LXXXVI

A demissão de João Tremoceiro, «decretada» por Pedro Santana Lopes, do cargo de director dos espaços verdes - em suma, da direcção do Parque de Monsanto é muito estranha. Traz água no bico, como tudo aquilo que sai da pena do presidente da autarqui de Lisboa, cada vez mais semelhante ao Marquês de Pombal nos métodos de afastar quem não lhe segue os caprichos (com a única diferença que o dito cujo do século XVIII degredava ou metia na prisão os «insubordinados», quando não mesmo pior, e este nosso somente demite, que a Carta Universal dos Direitos Humanos não lhe permite mais).

Embora João Tremoceiro seja meu colega de curso (tal como eu, ele é engenheiro biofísico), não o conheço pessoalmente, pois ele é uns tantos anos mais velho do que eu. Mas sempre lhe reconheceram, mesmo quando somente era um técnico camarário, dedicação, competência, saber e responsabilidade. Santana Lopes com aquela demissão e com o argumento que usou - de não lhe ter satisfeito um projecto no prazo de um mês sobre uma escola de hipismo, que substituiu (decidiu ele, sozinho) o polémico centro hípico - passou-lhe um atestado de incompetência. Não me parece que seja verdade e quase apostaria que João Tremoceiro não quis executar e assinar algo que, como técnico, não aprovaria. Ora, se assim for, Santana Lopes não tem o direito de «assassinar» a credibilidade de um técnico. Demite-o simplesmente. E assume que foi uma decisão política - e recolhe os frutos dessa sua (má ou boa) decisão. Tudo o resto é eticamente ilegítimo.

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