12/14/2006

A história habitual

O saneamento da Costa do Estoril é projecto que já tem barbas - mal cheirosas, diga-se. Desde os anos 70, sucedem-se os projectos, mais umas quantas décadas de esgotos a drenar para as ribeiras, e destas para o mar. Há cerca de uma década, concluiu-se o exutor submarino que passou a drenar, para o fundo do mar, todo os esgotos de centenas de milhares de pessoas. Todos? Não, porque umas tantas saídas clandestinas continuaram a poluir, razão pela qual, após tantos anos e rios de dinheiros, nem todas as praias da Linha possuem qualidade para receber bandeira azul.

Porém, desde o início da conclusão do exutor que se sabia ser esta uma solução precária, visto que não existe qualquer tratamento, tão-somente uma gradagem e, pimba, tudo para o mar. A União Europeia deu um prazo - e bastante alargado - para que se implantasse um sistema de tratamento biológico. Os anos passaram e nada de construção. O projecto está em fase de aprovação desde, pelo menos, o início desta década. Esta semana, a Comissão Europeia ameaçou meter Portugal no Tribunal Europeu. Agora, vai-se assistir à habitual troca de correspondência do Governo português a tentar justificar o injustificável, tentando ganhar tempo. Mas mesmo que não haja multa alguma, eis um projecto que constitui a habitual vergonha deste país, que no século XXI nem os esgotos urbanos sabe tratar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente isto não acontece só no Estoril, e ocorre em todo o País em inumeras cidades e vilas. Pelo que sei há uma "directiva comunitária sobre o tratamento de esgotos urbanos, que obriga a que os provenientes de cidades com uma população de mais de 15 mil pessoas, ou com o equivalente de águas residuais de outras fontes, sejam alvo de tratamento secundário (biológico) antes de serem despejadas no mar ou em rios, o que deveria acontecer desde 2000." No entanto mesmo quando existem as ditas ETAR's quase todas funcionam mal, há casos de ETAR's em que se vê que têm arejadores para maximizar o tratamento biológico, e que no entanto nem são usados para poupar energia(dinheiro), como que o que interessa fosse o não pagar multas ou ter as infraestruturas para ninguém puder apontar nada... pois porque a qualidade de vida e menor impacto ambiental das nossas actividades, são em Portugal conceitos totalmente desconhecidos. E mais com tanta construção que tem sido permitida por grande parte do nosso País, já se viu alguém antes de permitir os licenciamentos, fazer contas aos efluentes futuramente gerados, para ver se é rentável, deixar construir quando depois se deveria ser obrigado a construir novas ETA´'s para tratar o excesso de efluentes gerados pelos novos habitantes??!!! Onde está o ordenamento do território que é tão falado? Para que é que se gastou tanto dinheiro em PDM's que ninguém respeita?