7/13/2007

Lisboa a votos

As eleições de domingo em Lisboa podem trazer algumas surpresas. Embora pareça incontornável uma vitória de António Costa, tenho um dedinho que me diz que não deverá ultrapassar os 30% dos votos. E que, em relação aos outros candidatos, embora nenhum venha a ultrapassar os 20%, é muito difícil apostar na sequência. Isto, obviamente, é um palpite, mas tanto é como as próprias sondagens feitas pelas empresas - que, recorde-se, falharam redondamente em 1999 quando davam como certa uma vitória esmagadora de João Soares.

Independentemente disto, certo é que a autarquia manter-se-á ingovernável durante os próximos dois anos até às novas eleições. Um cenário de coligação parece-me muitíssimo pouco provável: Costa não pode coligar-se com Carmona, porque se queimaria; Roseta não aceitará juntar-se, porque tornaria irrelevante a sua candidatura, o que daria a entender ter sido uma birra contra o PS; de Negrão, nem valeria a pena falar, porque nunca o PSD aceitaria um Bloco Central em Lisboa; PCP não desejará apoiar um ex-ministro de um Governo que combate; e Sá Fernandes, com o Bloco de Esquerda, mesmo que quisesse (o que me surpreenderia), provavelmente não elegerá vereadores suficientes. Claro que esta situação de ingovernabilidade não desagradará muito a António Costa: poder-lhe-á ser mesmo útil, pois não se cansará, ao longo dos próximos anos, de se queixar de estar a oposição a fazer-lhe a vida negra, e que só com uma maioria absoluta conseguirá endireitar a Câmara. E assim, em 2009, conseguir algo que o PS nunca obteve sozinho: maioria na autarquia de Lisboa.

1 comentário:

lorenzetti disse...

Continua o incompreensível direito de voto exclusivo em Lisboa dos residentes em Lisboa.

Sendo que residir em Lisboa é cada vez mais raro, como se sabe, relativamente ao número de pessoas que aí vivem todo o dia, porque aí trabalham, estudam, ou porque passam aí quase todo o seu tempo.

Todos aqueles que penam no IC19 ou na autoestrada Cascais-Lisboa ou na Ponte 25 de Abril, Vasco da Gama e afins passam o seu dia em Lisboa.

Muitas vezes mal conhecem o sítio onde vivem, desde os vizinhos a quem é o presidente da Câmara, para não falar no -- nunca soube quem é, nem de que partido é -- presidente da 'junta'.

No entanto, não votam em Lisboa.

A mesma Lisboa onde fazem tudo, onde gastam e ganham dinheiro, que conhecem melhor que o concelho onde vão dormir.

O que leva L. a pensar se os resultados eleitorais em Lisboa não serão injustos, errados e inúteis.

Pelo menos enquanto os universitários e restantes estudantes, e todos os que 'dormem' fora de Lisboa, que trabalham em Lisboa, aqueles cujo BI não diz Lisboa em 'residência', não votarem em Lisboa.

Porque vendo bem, são eles que vivem -- e que são -- a Capital.