6/06/2005

Derivações Ambientais XXVI

Sobre o caso da acumulação da reforma com o salário de ministro por parte de Campos e Silva, o que mais me choca nem é o aspecto moral, mas de coerência. Há dias no Farpas Verdes CCXXXII lamentava que o ministro das Finanças se tivesse rendido à «real politik» ao descartar-se , sem complexos, de uma ideia que defendeu, pessoalmente, num artigo de opinião publicada no jornal Público sobre fiscalidade nos prédios rústicos.

Constato agora que outra das sete medidas que defendia - eram sete - também foi descartada. Defendia ele o seguinte:

4. Mas é também necessário atrair mais e melhores pessoas para a actividade política. Há dias, por mero acaso, revi a lista dos deputados-constituintes de 1975-76. De facto, estava lá o melhor que o país tinha e, comparativamente, a situação actual é triste e paupérrima, pese embora o empenho de algumas andorinhas em fazerem a Primavera... Sugiro, assim, como quarta proposta, que o vencimento das pessoas em cargos públicos seja (apenas como exemplo) 50 por cento acima da média dos rendimentos do trabalho declarados em IRS nos 3 anos anteriores a tomar posse! Em cargos estritamente políticos é necessário remunerar a função, mas também a pessoa. Desta forma afastar-se-iam da política os menos honestos e poderíamos contar com pessoas mais qualificadas. O impacto na despesa pública seria mais que compensado pelos resultados na qualidade e transparência da governação do país.

Mais valia que nos avisasses, desde já, que afinal aquele artigo de opinião tinha sido um desvario - é que assim, com estes exemplos, além de desacreditar nos políticos, deixo de acreditar em todas as propostas de cariz político...

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