Decididamente, os espanhóis andam doidos. Não contentes em chumbar uma piscicultura na Galiza por estar prevista em sítio de Rede Natura (que vai agora para a portuguesa praia de Mira, que por acaso também é Rede Natura), agora ainda reprovaram a construção de uma bela auto-estrada na Andaluzia de 300 quilómetros entre Toledo e Córdova para proteger muitas espécies de animais em perigo, em especial o lince ibérico (vd. aqui).
Muito têm os espanhóis para aprender com os políticos lusitanos. Auto-estradas a atravessar zonas de conservação temos aos pontapés. Uma delas, aliás, atravessou exactamente uma região onde, supostamente, havia linces em Portugal. Temos mais duas outras auto-estradas a atravessar zonas protegidas. Mais uma barragem a ser construída em zona de habitat do lince. Temos empreendimentos turísticos a nascer em sítios da Rede Natura. Uma cimenteira noutra, ainda por cima onde o Governo quer queimar resíduos perigosos. Indústrias em zona de Reserva Ecológica Nacional. A lista é longa...
Enfim, nós por cá, somos um país com um Governo muito ambientalista; com muitos governantes sensíveis à ecologia; com um primeiro-ministro que faz jogging e ganhou fama por ser ministro do Ambiente; com muita zona classificada como área protegida; com muita teoria; com muitas promessas; com muitas loas à Natureza; com muitas conferências eruditas de Al Gores e Kofi Anans, em que participa a nata política e empresarial - mas que, na hora da verdade, se borrifa para o essencial do ambiente. Dir-me-ão: é o custo do progresso. Eu direi: é o caminho para o desastre. E os espanhóis sabem isso.
Muito têm os espanhóis para aprender com os políticos lusitanos. Auto-estradas a atravessar zonas de conservação temos aos pontapés. Uma delas, aliás, atravessou exactamente uma região onde, supostamente, havia linces em Portugal. Temos mais duas outras auto-estradas a atravessar zonas protegidas. Mais uma barragem a ser construída em zona de habitat do lince. Temos empreendimentos turísticos a nascer em sítios da Rede Natura. Uma cimenteira noutra, ainda por cima onde o Governo quer queimar resíduos perigosos. Indústrias em zona de Reserva Ecológica Nacional. A lista é longa...
Enfim, nós por cá, somos um país com um Governo muito ambientalista; com muitos governantes sensíveis à ecologia; com um primeiro-ministro que faz jogging e ganhou fama por ser ministro do Ambiente; com muita zona classificada como área protegida; com muita teoria; com muitas promessas; com muitas loas à Natureza; com muitas conferências eruditas de Al Gores e Kofi Anans, em que participa a nata política e empresarial - mas que, na hora da verdade, se borrifa para o essencial do ambiente. Dir-me-ão: é o custo do progresso. Eu direi: é o caminho para o desastre. E os espanhóis sabem isso.
4 comentários:
Caro Pedro,
Também eu exijo rigor: diz lá onde foste buscar a informação de que o projecto da pescanova na Galiza foi chumbado por estar em Rede Natura. É que a informação é falsa e não é por se repetir mil vezes que deixa de o ser.
henrique pereira dos santos
Caro Henrique,
De facto,acreditei nessa informação como verídica, que fui muito veiculada e nunca desmentida.Por isso, quando li o escreveste, fui tentar confirmar. E encontrei este link de uma notícia de um jornal espanhol que não me parece que fosse escrever sem saber...
Diz textualmente que a Xunta da galicia chumbou o projecto e que,aliás,causou uma birra da Pescanova. O link é este: http://www.cincodias.com/articulo/empresas/Pescanova/descarta/realizar/nuevas/inversiones/Galicia/cdscdi/20070120cdscdiemp_15/Tes/
E deixo aqui a transcrição com o sublinhado na parte essencial:
El pulso entre Pescanova y la Xunta de Galicia continúa. El viernes, el grupo de alimentación anunció que no tiene intención de realizar nuevos proyectos en la costa gallega, después de que a principios de enero acordase la construcción de una nueva planta de acuicultura en la localidad portuguesa de Mira.
'Las únicas inversiones que el consejo de administración de la empresa ha acordado ejecutar a corto plazo son, única y exclusivamente, las ya comunicadas a la CNMV', aseguraba la compañía al regulador del mercado. Unas inversiones que están descartadas 'a falta de un plan sectorial adecuado para habilitar espacios y desarrollar proyectos viables para el cultivo del rodaballo'.
Cuando se conoció la decisión de Pescanova de invertir en el litoral portugués, el Gobierno gallego aseguró que la compañía seguía adelante con dos proyectos acuícolas en Xove y Ribadeo (Lugo). Unos planes que contaban con el visto bueno del Ejecutivo y que eran alternativos a la planta de Touriñán, paralizada por la Xunta al considerarla un espacio protegido por la Red Natura. El Gobierno gallego presentará el nuevo plan acuícola el próximo mes de marzo.
Caro Pedro,
Vai ler a decisão sobre o EIA espanhol.
Como vês no que transcreveste a questão não e com os organismos ambientais mas com a entidade reguladora do mercado na Galiza.
Mas nem tenho nada a ver com o assunto, apenas me incomoda a falta de rigor dos jornalistas que consideram a inexistência de desmentidos como a confirmação de notícias, invertendo por completo a natureza das coisas.
henrique pereira dos santos
Caro Henrique,
Não fiz qq notícia sobre a pescanova e a Galiza. Pelo que tenho lido e escrito, não está nada longe do que a notícia que transcrevi refere. E é factual: o projecto da Pescanova na Galiza foi chumbado por estar previsto para um sítio de Rede Natura. Parece-me aliás irrelevante para o caso em apreço de quem tenha vindo o chumbo ou o que referia o EIA. Aliás, a ser relevante,então neste caso não deixa de ser interessante reparar que é umaentidade política que apresenta um critério ambiental para chumbar algo que a administração ambiental até autorizaria. Algo que, aliás, tenho dúvidas de que pudesse acontecer aqui em Portugal...
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