5/04/2004

Farpas Verdes LXVII

Se há coisas que me irritam, a mentira descarada e sem escrúpulos dos políticos está no topo. Surge isto a propósito de um e-mail de um leitor deste blog, pedindo-me esclarecimentos sobre a verdadeira situação da qualidade da água do concelho da Fronteira. Escreveu ele que «na última reunião da Assembleia Municipal ocorrida em 30 de Abril, questionei o Presidente da Câmara Municipal de Fronteira sobre o assunto, tendo este dito categóricamente perante a Assembleia Municipal e perante alguns elementos do público, que a notícia publicada em 22 de Março pelo DN mentia. Segundo o Presidente da Câmara as análises à água de Fronteira revelaram em 2002 valores inferiores ao Valor Máximo Admitido.»

Não fosse o caso de me ter enganado - embora em aspectos sensíveis como estes tenho redobrado cuidado - foi ver a base de dados do Instituto Regulador de Águas e Resíduos e eis a situação de Fronteira: das 7 análises feitas aos nitratos em 2002, 3 apresentavam valores acima de 50 microgramas por litro, sendo que 2 eram no sistema que abastece a sede de concelho. O valor máximo que se atingiu foi de 66 microgramas por litro.

Como esses dados foram enviados ao IRAR pela própria autarquia, o presidente só pode estar a mentir e com dolo. Mas no meio disto tudo receio uma coisa pior: como nunca existe validação dos dados fornecidos pelas autarquias por parte do Ministério do Ambiente, no próximo ano poderá sempre serem enviados dados «convenientes»... ou seja, falsos.


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