5/05/2004

Farpas Verdes LXX

Ontem, o Ministério da Saúde veio finalmente revelar a mortalidade acrescida durante o Verão passado causado pela onda de calor, sobretudo sentida na primeira quizena de Agosto. Um acréscimo de 1953 mortes. Este valor aproxima-se bastante de uma análise estatística que fiz em Janeiro último com base em dados da mortalidade mensal de vários anos obtidos no Instituto Nacional de Estatística. Segundo as minhas contas - que depois publiquei no Diário de Notícias - verificou-se um aumento de 2008 mortes, com especial incidência no Alentejo.

Continuo sem compreender como é que o Ministério da Saúde começou, primeiro a menorizar este problema - diaria mesmo catástrofe -, e depois a demorar tanto tempo a apurar os valores. Sei que a esmagadora maioria das mortes foi de pessoas idosas - que não são, em sentido económico, produtivas para a sociedade -, mas merecem respeito e os cuidados preventivos que lhes permitissem mais anos de vida. Este caso foi, aliás, um sério exemplo dos fenómenos das alterações climáticas. Afinal, a mortandade que a onda de calor provocou em tão curto espaço de tempo foi muito superior à mortalidade por acidentes de viação. Isto deveria fazer pensar as pessoas e o Governo. Mas não me parece que isso aconteça, pelo menos de imediato.

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