7/28/2004

Farpas Verdes CIX

Hoje é o Dia da Conservação da Natureza - que deveria ser de luto, independentemente dos fogos que trespassam as áreas protegidas. Nos últimos dias, quer em fora de discussão, quer na comunicação social, tem havido várias tentativas de relativizar os efeitos nefastos dos incêndios em áreas protegidas. Dizem, alguns, que os nossos ecossistemas mediterrânicos têm uma elevada resilência, que, em suma, recuperam e permitem mesmo a criação de «mosaicos» de evolução florística.

Do ponto de vista teórico, se isto pode ser verdade, é uma falácia e diria quase uma desonestidade intelectual. O fogo representa sempre um retrocesso ao ponto zero. Significa destruição, mesmo que a Natureza seja uma fénix. Só que na mitologia, a fénix renascia de imediato, o que não vai acontecer com as áreas ardidas. Demora anos, talvez décadas. E eu, por mim, queria ver hoje a Arrábida como estava na semana passada. Queria vê-la amanhã como estava na semana passada. Depois de amanhã, para a semana, para o próximo mês, para o próximo ano. E não vou ver. Vou somente ver uma serra ardida e a confirmação que, em Portugal, não se faz conservação e gestão das áreas protegidas.


Sem comentários: