7/22/2004

Farpas Verdes CV

A polémica das ligações profissionais de Luís Nobre Guedes como gestor e advogado de empresas na área do saneamento básico parece estar a desviar das questões essenciais o assunto da sua nomeação para ministro do Ambiente e Ordenamento do Território.

Não me choca particularmente essas ligações. No passado, recente, diga-se, houve casos muitíssimos mais graves, sobretudo na área das obras públicas e da floresta. A lei e a fiscalização da opinião pública (sobretudo comunicação social) têm aqui um papel determinante para que um governante não ponha pé em ramo verde.

O essencial é, sem dúvida, é a entrega desta pasta a uma pessoa sem conhecimentos nesta área - e depois de termos três ministros em dois anos, seria fundamental alguém com sensibilidade e conhecimento dos dossiers, o que claramente não é o caso de Nobre Guedes - e de um partido político que sempre se mostrou hostil à protecção ambiental.

O CDS-PP não tem, nem nunca teve, a mínima preocupação ambiental; nunca teve sequer um político que mostrasse um discurso ambientalista ou em prol do desenvolvimento sustentável. A frase de Paulo Portas de que «um partido que preserva a vida, preserva o ambiente» é de uma demagógica, porque vazia em si mesma. Aliás, quando o ministro da Defesa pode intervir em matéria ambiental, no caso do Prestige, optou por apelar à Nossa Senhora de Fátima.

Por fim, a importância da memória: em 10 de Janeiro de 1987, a Assembleia da República votou a Lei de Bases do Ambiente. Submetido à votação, foi aprovada, com votos a favor do PSD, do PS, do PRD, do PCP, do MDP/CDE e dos deputados independentes Maria Santos e Gonçalo Ribeiro Telles. E os votos contra do deputado independente Borge sde Carvalho e do CDS. Está tudo dito, não é?


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