7/21/2006

Bem-vindas, noites tropicais

Ontem também verifiquei um outro claro sinal de falta de rigor jornalístico que muito me chocou: noticiou-se a existência de um recorde de onda de calor em várias regiões do país, por causa de anormais temperaturas quentes durante a noite. De forma, indirecta dava a entender que o país até se tinha safado bem com os incêndios, mesmo devido à tal onda de calor.

No entanto, na verdade, uma onda de calor ao nível das temperaturas mínimas nada tem a ver com uma onda de calor com temperaturas máximas. Do ponto de vista da saúde pública, temperaturas à noite elevadas têm um impacte fortíssimo na população idosa, mas ao nível dos fogos é irrelevante (porque será sempre inferior à temperatura durante o dia...).

Por outro lado - e mais importante ainda para a situação dos fogos -, as características desta onda de calor foram favoráveis para os bombeiros: as noites foram «tropicais», isto é, quentes, mas com elevada humidade relativa (dificultando a propagação do fogo). E melhor ainda: choveu copiosamente (alagando o solo e a molhando bastante a vegetação). Em algumas zonas do país (por exemplo, Bragança) em apenas dois dias choveu mais do dobro da média do mês de Julho. Mas as notícias na comunicação social omitiram isto (espero que por desconhecimento).

Em suma, as noites tropicais (que resultaram na onda de calor devida às temperaturas mínimas) foram uma das causas para que a primeira quinzena de Julho não tivesse sido muito incendiável. Ou seja, uma situação anormal de Verão mediterrânico que, neste caso, foi bom para que não houvesse incêndios catastróficos. Mas somente a isto se deveu; não à eficácia dos bombeiros...

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