7/31/2006

A prova de fogo vai começar

Eu sei que escrevi um romance intitulado «O Profeta do Castigo Divino» e que não me apetece estar a ser «o profeta da desgraça». Contudo, tenho a obrigação de relembrar que, no passado dia 20 de Julho, escrevia aqui sobre os perigos da confiança em relação aos incêndios florestais, que este ano ainda não atacaram em força. Referia mesmo que «se houver duas semanas seguidas sem chuva em território nacional, o país começa a arder forte e feio à segunda semana. E tanto mais quanto maior for a sensação (enganadora) de que existe uma boa eficácia da vigilância e do combate».

Pois bem, vamos iniciar a segunda semana em que praticamente não choveu em território português. As previsões meteorológicas apontam mesmo para um aumento das temperaturas máximas. A «prova de fogo» vai começar agora. Se o «sistema» conseguir portar-se bem, então começo a acreditar que algo mudou em relação ao ano anterior.

No entanto, convém referir que, na minha opinião, este ano será bom se arder menos de 50 mil hectares; razoável se arder entre 50 mil e 75 mil hectares; sofrível se arder entre 75 mil e 100 mil hectares. E péssimo se arder mais de 100 mil hectares. Claro que se o valor rondar os 100 mil hectares, o Governo aprestar-se-á a felicitar-se e a comunicação social vai certamente atrás. Mas esse é um problema crónico da falta de memória: nas décadas de 70 e 80, anos com pouco menos de 100 mil hectares eram considerados catastróficos. Contudo, a percepção do drama modificou-se depois de já ter ardido 426 mil hectares em 2003 e 325 mil em 2005.

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