«O DN viaja num avião fretado pelo Governo» - esta adenda surge no final de uma reportagem sobre a visita de membros do Governo à China, na edição de hoje do Diário de Notícias. O aviso não é inocente. O jornal pretende, intencionalmente, dizer aos seus leitores que a viagem foi paga pelo Governo, mas que não estão lá comprados. Ou seja, que a cobertura será rigorosa e isenta. Fica bem, dirão muitos - mostra transparência. Conclusão apressada. Na minha opinião, não significa nada.
Com efeito, embora esta atitude surja de quando em vez noutros órgãos de comunicação social, sempre me pareceram estes avisos como pedantes e mostrando mesmo, inconfessadamente, que o próprio órgão de comunicação social tem receios sobre a sua independência. A independência noticiosa não se mede sob a bitola do critério «quem pagou a viagem», mas sim na própria abordagem noticiosa. Como jornalista, já me pagaram muitas viagens ou almoços; porém, estou à espera que me provem que, por causa disso, escrevi «isto» ou «aquilo» de forma diferente. Aliás, se eu não fosse independente, poderia sempre escrever o tal «isto» ou «aquilo», mesmo que a entidade ou pessoa «beneficiada» não me tivesse pago qualquer viagem ou almoço... talvez na esperança de receber, mais tarde, a tal viagem ou almoço... a dobrar.
A questão do pagamento de viagens e outras mordomias aos jornalistas acaba assim por ser uma mera questão entre ética e questão financeira do próprio órgão de comunicação social. Obviamente, em teoria, seria sempre mais sensato que a comunicação social não fosse «financiada» desta forma. Porém, não me choca que o seja. Mas, nesse caso, deve simplesmente omitir essa questão - não é noticiosa, não acrescenta nada e apenas serve de pseudo-marketing em torno da alegada independência -, porque o que estará sempre em causa, repito, é a abordagem noticiosa. E essa será sempre determinada em função da independência do jornalista; não de quem lhe pagou a viagem.
Com efeito, embora esta atitude surja de quando em vez noutros órgãos de comunicação social, sempre me pareceram estes avisos como pedantes e mostrando mesmo, inconfessadamente, que o próprio órgão de comunicação social tem receios sobre a sua independência. A independência noticiosa não se mede sob a bitola do critério «quem pagou a viagem», mas sim na própria abordagem noticiosa. Como jornalista, já me pagaram muitas viagens ou almoços; porém, estou à espera que me provem que, por causa disso, escrevi «isto» ou «aquilo» de forma diferente. Aliás, se eu não fosse independente, poderia sempre escrever o tal «isto» ou «aquilo», mesmo que a entidade ou pessoa «beneficiada» não me tivesse pago qualquer viagem ou almoço... talvez na esperança de receber, mais tarde, a tal viagem ou almoço... a dobrar.
A questão do pagamento de viagens e outras mordomias aos jornalistas acaba assim por ser uma mera questão entre ética e questão financeira do próprio órgão de comunicação social. Obviamente, em teoria, seria sempre mais sensato que a comunicação social não fosse «financiada» desta forma. Porém, não me choca que o seja. Mas, nesse caso, deve simplesmente omitir essa questão - não é noticiosa, não acrescenta nada e apenas serve de pseudo-marketing em torno da alegada independência -, porque o que estará sempre em causa, repito, é a abordagem noticiosa. E essa será sempre determinada em função da independência do jornalista; não de quem lhe pagou a viagem.
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