Acho curiosas as tentativas de muitos órgãos de comunicação social para correlacionarem os resultados do referendo com questões político-partidários, procurando vitoriosos e derrotados entre a classe política. Nesse capítulo, não me parece que haja derrotados ou vencedores. Numa rápida análise, as conclusões que retiro dos resultados do referendo são as seguintes:
a) o factor mais decisivo para a vitória do «Sim» foi a redução da abstenção, a par de um aumento do número de eleitores que, obviamente, incidiram sobretudo nas faixas etárias mais jovens e, portanto, mais abertas à «legalização» do aborto.
b) O «Não» não beneficiou desse aumento do número de eleitores; pelo contrário, em relação a 1998 perdeu uma franja importante de «apoiantes» em virtude da taxa de mortalidade (cerca de 100 mil mortos por ano) que «afectou» sobretudo os idosos, a franja mais «conservadora».
c) Confirma-se que a questão do aborto é «fracturante» em Portugal, dado que existe uma regionalização muito marcada. No Norte (com excepção de quase todos os concelhos do Grande Porto, mais urbanos), nos Açores e na Madeira, o «Não» ganhou com maiorias por vezes esmagadoras. No Centro começa a existir um certo equilíbrio e no Sul do país acabou por ser o «Sim» a vencer com larga maioria. No caso do Alentejo mesmo com maiorias esmagadoras.
d) O «Sim» ganha sobretudo por via do voto urbano, mais «liberal», beneficiando assim da litoralização do país.
e) Os resultados parecem mostrar uma perda da influência da Igreja Católica na vida do seu «rebanho». Embora seja matéria para uma análise mais detalhada, parece evidente existir uma fortíssima correlação entre religião e a orientação do voto. E nenhuma em relação à orientação política. Recordo-me particularmente dos resultados dos Censos 2001 em que se perguntava a religião das pessoas. As maiores percentagens de católicos praticantes estava no Norte do país (onde o «Não» venceu largamente) e as menores no Sul (e, em especial, no Alentejo, onde o «Sim» ganhou largamente). Ou seja, onde a Igreja tem (ainda) influência (que também se verifica quando se analisa a percentagem de divorciados) conseguiu «orientar» o votos dos eleitores. Onde não tem, os resultados guindaram para o «Sim».
Nota: Votei em branco. Confesso que estava orientado para o «Sim», mas como sou o quarto de entre cinco filhos... de um casal que então não vivia nada desafogado.
a) o factor mais decisivo para a vitória do «Sim» foi a redução da abstenção, a par de um aumento do número de eleitores que, obviamente, incidiram sobretudo nas faixas etárias mais jovens e, portanto, mais abertas à «legalização» do aborto.
b) O «Não» não beneficiou desse aumento do número de eleitores; pelo contrário, em relação a 1998 perdeu uma franja importante de «apoiantes» em virtude da taxa de mortalidade (cerca de 100 mil mortos por ano) que «afectou» sobretudo os idosos, a franja mais «conservadora».
c) Confirma-se que a questão do aborto é «fracturante» em Portugal, dado que existe uma regionalização muito marcada. No Norte (com excepção de quase todos os concelhos do Grande Porto, mais urbanos), nos Açores e na Madeira, o «Não» ganhou com maiorias por vezes esmagadoras. No Centro começa a existir um certo equilíbrio e no Sul do país acabou por ser o «Sim» a vencer com larga maioria. No caso do Alentejo mesmo com maiorias esmagadoras.
d) O «Sim» ganha sobretudo por via do voto urbano, mais «liberal», beneficiando assim da litoralização do país.
e) Os resultados parecem mostrar uma perda da influência da Igreja Católica na vida do seu «rebanho». Embora seja matéria para uma análise mais detalhada, parece evidente existir uma fortíssima correlação entre religião e a orientação do voto. E nenhuma em relação à orientação política. Recordo-me particularmente dos resultados dos Censos 2001 em que se perguntava a religião das pessoas. As maiores percentagens de católicos praticantes estava no Norte do país (onde o «Não» venceu largamente) e as menores no Sul (e, em especial, no Alentejo, onde o «Sim» ganhou largamente). Ou seja, onde a Igreja tem (ainda) influência (que também se verifica quando se analisa a percentagem de divorciados) conseguiu «orientar» o votos dos eleitores. Onde não tem, os resultados guindaram para o «Sim».
Nota: Votei em branco. Confesso que estava orientado para o «Sim», mas como sou o quarto de entre cinco filhos... de um casal que então não vivia nada desafogado.
1 comentário:
Caro P.Vieira,
O que disse em post scriptum responde, quanto a mim, a muita coisa. Tenho para mim que ao longo dos séculos sempre se sobreviveu em plena miséria, e no entanto, aqui estamos hoje. É um argumento que, do lado do sim, sempre me pareceu vazio.
No mais, sinto-me gozado. Ao ver que um referendo não precisa ser vinculativo pergunto-me: para que raio fui votar? Tivesse eu ficado sossegado, pois assim como assim, quer vincule que não vincule, é igual ao litro; gastando no processo muito dinheiro (boletins, pessoal das mesas...)
Bruno Vieira.
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