9/02/2005

Farpas Verdes CCLXXXVI

No discurso no Porto, esta noite, o primeiro-ministro, José Sócrates, acabou por admitir que existem causam estruturais para o problema dos fogos e que estes não se devem apenas à seca. Já não foi mau admitir isso. Prometeu também que, após a época dos fogos, o Governo irá impor medidas de ordenamento, de prevenção, de fiscalidade e de «luta» contra os incendiários e as acções de negligência (a propósito, o jornalista da SIC Notícias que acompanhava o discurso sintetizou tudo dizendo que Sócrates promete dar «luta» aos incendiários, como se isso fosse o mais importante).

Contudo, José Sócrates borrou, mais uma vez, a pintura, ao referir que o combate foi eficiente (um dia alguém me há-de explicar os critérios que os Governos usam para aquilatar issso) e que a situação está a ser melhor do que 2003. Ou seja, mostrou que, afinal, o ano de 2003 teve um efeito contraproducente na atitude política face aos fogos. Agora, qualquer Governo para se «desculpabilizar» e «ameninzar» os incêndios florestais compara com 2003. Para mim, qualquer ano com uma área ardida superior a 50 mil hectares já é mau; mais de 100 mil é péssimo; acima de 200 mil é catastrófico. E, na verdade, já há mais de 10 anos que não temos menos de 50 mil hectares ardidos e há 6 anos que não temos menos de 100 mil.

Já agora, Humberto Rosa, secretário de Estado do Ambiente, refez o seu discurso delicodoce de há três semanas sobre os incêndios nas áreas protegidas durante uma visita que fez ontem ao Parque de Montesinho. As férias fizeram-lhe bem...

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