Existem sempre muitas formas para olhar o profundo drama dos incêndios florestais. A pretexto do relatório quinzenal ontem apresentado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais, fui ver a taxa de afectação dos povoamentos florestais (excluindo, portanto os matos). O valor de referência é o Inventário Florestal Nacional de 1995 que apontava para a existência de 3,2 milhões de hectares de povoamentos florestais. Deste modo, tendo em conta a área ardida de floresta por ano (repito, excluindo os matos), a perda foi a seguinte ao longo dos últimos 11 anos (como referência, saibam que a estimativa de deflorestação da Amazónia ronda os 1,1% ao ano):
- 1995 - 2,7%
- 1996 - 1,0%
- 1997 - 0,4%
- 1998 - 1,8%
- 1999 - 1,0%
- 2000 - 2,1%
- 2001 - 1,4%
- 2002 - 2,0%
- 2003 - 8,9%
- 2004 - 1,8%
- 2005 - 5,2%
Significa isto que cerca de 30% dos povoamentos florestais que foram «fotografados» pelo IFN de 1995 desapareceram por acção dos fogos florestais!
Por outro lado, nos últimos três anos, a taxa de deflorestação em Portugal atingiu uma média de 5,3% - ou seja, quase 5 vezes aquela que se regista na Amazónia! Não há nenhum país, nem do Terceiro Mundo, com indicadores desta ordem de grandeza para os seus povoamentos florestais.
P.S. Este é o post número 500 do Estrago da Nação. E o país não melhorou nada desde que comecei a escrever no blog...
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