9/29/2005

Farpas Verdes CCXCIX

A Direcção-Geral dos Recursos Florestais introduziu este ano umas quantas alterações na forma como acompanha os incêndios florestais. A mais importante foi a de começar a fazer relatórios semanais com divulgação quinzenal (apenas no meio do Verão mudou a denominação «relatório semanal» para «relatório quinzenal»). Até ao ano passado, fazia-se o ponto da situação semana a semana. Não é uma alteração de pormenor, nem tem nenhuma base técnica: é claramente uma decisão política para atenuar o efeito nos media...

Agora reparo que o relatório que ontem saiu (com uma área ardida desde o início do ano com uns espantosos 286 mil hectares...) fez uma alteração ainda mais profunda: agora os grandes incêndios são apenas os que têm uma área ardida superior a 500 hectares (antes eram aqueles com área superior a 100 hectares). Esta «mudança» mostra como o conceito «grande incêndio» se alterou nos últimos anos. Se antes um fogo de 100 hectares já era considerado grave, agora banalizou-se tanto que já nem sequer se lhe dá qualquer relevância. Temo que, a continuar assim, daqui a uns anos um «grande incêndio» seja para a Direcção-Geral dos Recursos Florestais apenas aquele em que arda 1000 hectares ou 5000 hectares...

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