10/25/2005

Farpas Verdes CDXVI

Há qualquer coisa de politicamente nojento em cada descarga de suínos que afectam ciclicamente a ribeira dos Milagres (mais uma este fim-de-semana, claro está quando chove). Nunca se responsabiliza ninguém porque o Ministério do Ambiente nunca quis responsabilizar ninguém. Na zona dos Milagres, milagre sim é encontrar algum suinicultor que trate os seus esgotos e, portanto, a normalidade é todos poluirem. E como se sabe que, por norma, as penalizações apenas se exercem sobre actos anómalos, logo a lógica ambiental do Ministério do Ambiente é nada fazer porque afinal o acto normal é poluir.

Entretanto, pela leitura do Público, refere-se que para o início de Novembro está previsto o anúncio do vencedor do concurso para o tratamento dos efluentes das explorações suinícolas da região de Leiria e que em análise estão duas soluções técnicas - a digestão anaeróbia e a secagem térmica -, tendo-se apresentado a concurso oito consórcios.

Ora, a mim faz-me imensa impressão duas coisas: por um lado, ter-se desbaratado há uma dácada cerca de 600 mil contos em duas estações de tratamento que nunca funcionaram porque o sistema escolhido era economicamente ruinoso por necessitar de muita enrgia; por outro lado, não existir ainda uma única solução, colocando-se a concurso duas alternativas que são completamente opostas em termos energéticos. Com efeito, pelo que sei, a digestão anaeróbia pode produzir energia; a secagem térmica só consome energia. Não entende, portanto, como é possível o Ministério do Ambiente decidir qual a única solução a adoptar; é para isso que lá estão: para definir a melhor opção técnico-política.

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