1/03/2007

Pela nossa saúde...

O ministro Correia de Campos, justificando a sua fraca popularidade, argumenta que está a fazer reformas na saúde e que isso acarreta contestação. O governante esquece-se apenas de uma coisa: as contestações podem ter duas causas. Ou porque as ditas reformas são bem feitas e as «elites beneficiadas» não pretendem perder as regalias, mas há um apoio da opinião pública; ou porque as ditas reformas são uma aberração, na maior parte dos casos, e não existe ninguém que as apoie. Aliás, sobre o fecho das maternidades, urgências e outras reformulações, seria interessante saber os efeitos que isso terá na qualidade de vida das populações afectadas. E sobretudo se o erário público acaba por ser ou não beneficiado - e a que custo humano. Se o Governo fez essas contas - ou «encomendou» às suas queridas empresas de consultoria - deveria mostrá-las e estar disponível para fazer a avaliação. É isto a democracia participada, tão propalada e tão pouco praticada cá pelo burgo.

Nota: A «vitimização» do ministro - que já previu que será muito contestado durante este ano - anuncia uma estratégia governamental muito «interessante». Mas é uma «vítima» com trunfos na carteira - e tem mesmo a comunicação social em xeque. Se as notícias começarem a ser cada vez mais desfavoráveis, tenham a certeza que o Governo fará passar a mensagem de que está a ser «vítima» de um ajuste de contas da classe jornalística por terem, alegadamente, tido a coragem de acabar com o tal subsistema de saúde supostamente privilegiado.

Sem comentários: