Farpas Verdes CXXXV
Por vezes, ou melhor, quase sempre em balanços da actividade de um determinado governante é colocado como factor positivo da sua intervenção o ter «chumbado» determinado projecto ou iniciativa. Estou, por exemplo, a recordar-me de dois casos recentes: revisão da REN e RAN proposta pelo arquitecto Sidónio Pardal, encomendada pela Ministério do Ambiente, e «chumbo» da opçao incineração nos lixos da região Centro, pretendida pela ERSUC, empresa pública tutelada pelo Ministério do Ambiente.
Ora, discordo completamente de quem considera que deva ser motivo de elogios a atitude de um ministro do Ambiente de um Governo que «chumba» propostas que foram gizadas ou defendidas pelo seu próprio Ministério, sobretudo quando estas mesmas propostas eram à partida absordas, inoportunas e evidentemente desastradas. Aliás, no dia em que «chumbasse» as propostas, deveria o ministro fazer um acto de contrição, pedindo desculpas aos contribuntes por se ter gasto tempo e dinheiro ao longo do processo.
De igual modo, já não me merece qualquer tipo de satisfação anúncios de intenção, tais como de elaboração de planos, projectos e quejandos. Ao longo dos anos temos assistido a um rol de planos e estudos diversos que, sendo em si mesmos, a base para a aplicação correcta de uma política sustentável de ambiente, acabam por não passar de boas intenções (de que o inferno está cheio) ou de não serem minimamente aplicados ou de acabarem por ser subvertidos ao sabor das conveniências.
1/06/2005
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