1/11/2005

Farpas Verdes CXXXVII

Na semana passada já começaram a surgir os alertas para a fraca precipitação deste Inverno e o espectro de uma seca nos próximos meses. A situaçao não é inédita, nem tão-pouco a reacção das autoridades portuguesas: minimize-se a questão, São Pedro há-de ser bondoso e fará chover, mesmo que para isso seja necessário fazer umas procissões com imagens de santos como era timbre, por exemplo, no século XVIII.

Ora, é nestas fases - de pré-seca, que eu gostaria de saber para que serviu o convénio luso-espanhol assinado em Vilamoura no final do ano 2000. No momento em que era necessário tomar medidas de coordenação com Espanha, aquilo que se vê é os nossos vizinhos a começar a fechar as torneiras. Analisando os boletins hidrológicos semanais do Ministério do Ambiente espanhol (quando será que em Portugal se apresentam monitorizações tão boas como eles?), nota-se que a situação do lado de lá começa a ser aflitiva, sobretudo no Douro e no Tejo. As reservas hídricas do Douro são agora de 72% da média da última década e no Tejo de cerca de 80%. A grande barragem de Alcântara (do tamanho de Castelo de Bode) está com um nível de armazenamento de 49% em pleno Inverno. Os actuais armazenamentos das albufeiras espanholas estão ao nível daquilo que é típico no final de um Verão médio. Por isso, imagine-se como estarão no final do próximo Verão.

O problema será crónico se as condições meteorológicas se manterem, porque mais uma vez ficará evidente ter sido o convénio luso-espanhol um péssimo negócio, pois como então se alertava não terá efeito exactamente para os períodos em que seria necessário; ou seja, durante as secas.

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