1/02/2005

Farpas Verdes CXXXIII

Surgiu há dias o anúncio da intenção de se criar uma «Comissão de Lesados por Sá Fernandes», com o suposto objectivo de pedir uma indemnização a este advogado de causas públicas pela paragem, durante sete meses, das obras do túnel do Marquês.

Eu até acho que o país é mais pródigo em empreender lutas contra uma pessoa individual do que exigir ao Estado que seja uma pessoa de bem. O português sempre gostou de ser forte contra os fracos (neste caso, em relação ao número de opositores) e fraco contra os fortes. Pessoalmente, até gostaria que esta suposta Comissão apresentasse queixa e apanhasse um juíz inflexível que virasse o bico ao prego e os acusasse de litigância de má fé. Porque é disto que se trata, sabendo-se que Sá Fernandes "apenas" exerceu aquilo que infelizmente pouco se faz: obrigar o Estado e a s autarquias a decidir bem e cumprindo os preceitos legais e democráticos. Além disso, não foi ele que mandou parar a obra, mas sim os tribunais que, aliás, deram depois um triste exemplo de interpretação jurídica enviesada para depois darem o dito por não dito, autorizando o retomar das obras.

Claro está que sabemos no que isto vai dar: em nada. Os promotores desta «cruzada mentecapta» contra Sá Fernandes, aproveitando-se da ignorância jurídica dos comerciantes (lesados sim, mas pela autarquia de Lisboa), têm apenas um objectivo: dar a ideia pública de que a culpa desta trapalhada em que se tornou o túnel do Marquês é de Santana Lopes e das suas peregrinas ideias «pombalescas» do quero, posso e mando - e que já não dão resultado porque , mesmo defeituosa, vivemos numa democracia.

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