Farpas Verdes CCLIX
Existem tiques que jamais acabam. O Ministério do Ambiente - ai ilusão, ilusão! - não se lembra de mais nada para sensibilizar a população para poupar água do que fazer uma «inundante» campanha de publicidade - «softzita», com uma mensagem tipo «escola primária» -, em vez de tomar medidas sérias e com efeitos.
A água é um bem de primeira necessidade, mas acima de tudo um bem económico. Aquilo que deveria ver-se era um esforço para diminuir os despedícios das autarquias e empresas gestoras - então chateiam-se com o gotejar de uma torneira e os distribuidores desperdiçam 30 e 40% da água que captam antes de a conseguir vender?
Por outro lado, há uma forma mais eficaz e sem custos - pelo contrário, com vantagens económicas - para diminuir os consumos supérfluos. Façam um aumento de 10% ou 20% na água para consumo durante o Verão, justificando-o com a situação de seca. Vale por mil campanhas. O efeito psicológico desse aparentemente aumento elevado seria imediato na poupança. E, na realidade, seria feito de modo artificoso, pois na realidade nem sequer beliscaria a inflação.
Aliás, basta ver um exemplo: se consideramos que 1 metro cúbico de água custa 50 cêntimos (e muito poucos concelhos atingem este valor) e que cada pessoa consome 200 litros de água por dia (valor típico de uma cidade, o que daria 6 metros cúbicos por pessoa em cada mês), significa que um acréscimo de 20% faria com que, no final do mês, per capita se passaria a pagar pagar-se-ia 3,6 euros em vez de 3,0 euros. Isto é apenas 0,6 euros, o que é menos do que uma garrafa de 0,25 litros de água do Luso.
Por outro lado, se acompanhada com uma correcta mensagem comunicacional, dir-se-ia às pessoas o seguinte: pague o mesmo, consumindo melhor... E num país com sentido de gestão dos recursos hídricos, até se poderia ser mais criativo: para os clientes que tivessem conseguido poupar mais do que 20% comparativamente ao mês homólogo do ano anterior, o preço por metro cúbico mantinha-se inalterável. Mas isto, se calhar, já é pedir muito...
Ao invés, com este tipo de campanhas de poupança de água - que não dão trabalho e descansam as consciências políticas - somente se gasta dinheiro e somente as pessoas começarão a poupar quando, efectivamente, deixarem de ver água a correr das torneiras.
7/21/2005
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