7/14/2005

Farpas Verdes CCLV

Ontem à noite na SIC Notícias foi congrangedor assistir à entrevista feita ao general Ferreira do Amaral, presidente da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais. Julgo que em tempos, defendi aqui que a questão do combate aos fogos florestais tem muito de táctica militar e que, por isso, via com agrado a escolha de um militar para um cargo deste género.

Contudo, lá diz o ditado popular, o hábito não faz o monge. E, de facto, foi notório que o general Ferreira do Amaral não possui estofo para este cargo. Com um discurso de pedagogia bacoca começou por quase «culpar» a comunicação social de dar destaque aos fogos mostrando as frentes de fogo (os media fazem o seu papel), depois veio o pior. Disse ele, mais ou menos por estas palavras, que o combate era eficiente, porque «somente cerca de 5% dos incêndios não eram apagados nas primeiras horas» e que - pasme-se - «ainda não houve nenhum fogo que tenha deixado de ser extinto»!!!

Em relação aos métodos de combate dos incêndios e aos número de bombeiros mortos e feridos, diz que se deveu à «abnegação» no combate, elogiando, mais uma vez, o voluntarismo. Enquanto continuarmos a tapar o sol com a peneira não vamos lá. As imagens que as televisões mostram é bombeiros a atacarem frentes de fogo demasiado forte sem que qualquer efeito tenham os esguichos de água; grupos de bombeiros a aguardarem que a frente de fogo chegue às estradas sem, por exemplo, fazerem cortes de vegetação para criarem um «corta-fogo» - nunca vi moto-serras e outros materiais em função como vi no ano passado na Andaluzia -; e bombeiros a serem surpreendidos pelo chamado «efeito de chaminé» e a colocarem em risco a sua vida (confunde-se abnegação com negligência e impreparação). Enfim, Portugal no seu pior...

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