7/05/2005

Farpas Verdes CCXLIX

Aparentemente, muito dinheiro está afecto ao ambiente e energia no Programa de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias apresentado hoje pelo Governo, a saber:

  • Reabilitação urbana - 520 milhões de euros
  • Resíduos industriais - 150 milhões de euros
  • Abastecimento e tratamento de água - 1918 milhões de euros
  • Produção de energia eólica - 2530 milhões de euros

Eu já olho para estes valores com alguma bonomia, porquanto investimento para o saneamento básico estou farto de os ver anunciados ao longo dos anos e os rios continuam poluídos e o interior do país a beber água imprópria para consumo. Em relação à reabilitação urbana, enquanto não conhecer em que se vai gastar esse dinheiro, não quero fazer elogios. Se for para projectos do tipo Polis: não, obrigado!

Já em relação à questão da energia eólica, fico assustado. Não que seja contra esta energia - pelo contrário, mas como é anunciada de forma isolada, tenho alguns receios. E isso advém do facto de saber que, grosso modo, um investimento de 2530 milhões de euros dará o equivalente em MW (ou seja, cerca de 2500 MW). Portugal ficaria assim, sem contabilizar outros investimentos na oferta, com um acréscimo de 25% da potência instalada (não necessariamente o mesmo em termos de produção eléctrica). E não foi dito que com este acréscimo fecharão quaisquer centrais de energia fóssil. Ou seja, mais oferta, menos incentivos para a poupança e para a desejada e necessária melhoria da eficiência energética (isto sim, um aspecto fundamental para a economia do país).

Por outro lado, assusta-me fazer uma simples contas e imaginar que cada aerogerador pode ter 2 MW de potência (somente os mais modernos) e que cada parque possa ser constituído por 10 aerogeradores, significa que teremos, no mínimo, 125 parques eólicos espalhados pelo país!!! E sabe-se bem que a maior parte das nossas serras são áreas naturais. E só deveria ser aceitável «sacrificar» aquelas zonas se, em paralelo, houvesse um esforço para a poupança de energia - para a melhoria da eficiência energética. E isso eu não vejo nas medidas do Governo...

Sem comentários: