7/11/2005

À Margem Ambiental LXXVII

Muito boa a entrevista emitida ontem na SIC Notícias (repetida hoje às 13 horas) a José Sá Fernandes (programa Outras Conversas, de Maria João Avillez). O candidato independente à autarquia de Lisboa - que eu apoio, como aqui já manifestei - soube explicar muito bem como a sua independência se mantém mesmo tendo o apoio do Bloco de Esquerda. Soube também mostrar - apesar da incredulidade da entrevistadora - como tão diversificados apoios ideológicos - que vão desde o BE até Ribeiro Telles, passando por António Barreto e muitos outras pessoas de diversos quadrantes - é uma mais-valia que demonstra a força e abrangência de um projecto.

Nos aspectos técnicos, Sá Fernandes soube ter a lição bem estudada, com as ideias muitíssimo bem arrumadas e consegui demonstrar - perante a incredulidade de Maria Joao Avillez - como algumas medidas que poderiam ser consideradas «folclóricas» (a entrevistadora bem tentou dar-lhe essa conotação, mesmo se a intenção era a de fazer o legítimo papel de «advogado do diabo») são, na verdade, essenciais para o futuro da cidade. Foram, por exemplo, o caso da defesa das hortas sociais, do parque periférico, das árvores por cada nascimento, da supressão do tráfego das laterais da Avenida da Liberdade para um passeio público, etc..

Marcou também pontos ao defender a necessidade de recuperar o património imobiliário da cidade e melhorar o estacionamento para os moradores - dois dos aspectos essenciais para uma verdadeira revitalização da cidade. E também ao defender que é urgente «unir» os estigmatizados «bairros periféricos» (p. ex., Chelas e Ameixoeira) de Lisboa à cidade E, de igual modo, a sua posição em relação à CRIL foi bastante lúcida ao defender que a resolução de um problema para Lisboa não deveria ser feito à custa de afectar a área de outro concelho (além da sua defesa na preservação do troço do Aqueduto das Águas Livres que está em risco de demolição).

Por fim, foi bastante assertivo na forma como advogou que a autarquia de Lisboa tem dinheiro para resolver os problemas essenciais do concelho, desde que não caía - como tem caído nos últimos anos - em fazer projectos megalómanos e dispendiosos (vd. Parque Mayer e túnel do Marquês). Mas, de facto, aquilo de que mais gostei foi de ver um candidato com um discurso lúcido e sempre «fugindo» (e ainda bem) das afirmações vazias e ocas de cariz politiqueiro tão em voga neste nosso país.

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